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Dólar fecha abaixo de R$ 1,60 pela 1ª vez desde 99; Bovespa sobe 2,6%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar rompeu ontem o piso
de R$ 1,60, após testar esse patamar por vários pregões seguidos. A baixa de 0,69% registrada ontem levou o dólar a R$
1,592, mais baixo valor desde
20 de janeiro de 1999, quando a
moeda encerrou cotada a exatos R$ 1,59. O recuo da moeda
americana diante do real no
ano já alcança os 10,41%.
O mercado financeiro operou ontem atento à esperada
reunião do Fed (o banco central dos EUA), que manteve os
juros americanos em 2%
anuais, como projetavam os
analistas. Na nota emitida após
o encontro de política monetária, o Fed mostrou que segue
preocupado com as pressões
inflacionárias e o fraco crescimento da economia.
As Bolsas de Valores encontraram terreno para se recuperar um pouco de suas recentes
perdas. A Bovespa esteve entre
as que mais subiram e encerrou
com valorização de 2,63%. Em
Wall Street, o índice Dow Jones, que chegou a subir quase
1% em seu melhor momento,
fechou com leve ganho de
0,04%. A Nasdaq teve melhor
sorte e subiu 1,39%.
A Bolsa de Frankfurt subiu
1,25%, e a de Londres teve ganhos de 0,56%.
No Brasil, os investidores
também estiveram atentos ao
relatório trimestral de inflação.
No documento, o BC elevou sua
previsão para o IPCA no ano, de
4,6% para 6% -o que gerou
pressão sobre os juros futuros.
Com o atual cenário de indesejável alta dos preços, não é esperado pelos analistas que o
Banco Central tome qualquer
atitude mais radical para frear a
apreciação do real. É que o dólar barato significa um ponto de
pressão a menos sobre a inflação. De sua parte, o BC tem se
limitado a adquirir dólares,
praticamente todos os dias, das
instituições financeiras.
Para Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas
no Brasil, "não adianta o BC
querer lutar contra a tendência
do câmbio". Lintz avalia que
não é exagero esperar que o dólar desça a R$ 1,55 em breve. "E
lá pelo fim do ano, a moeda deve estar oscilando entre R$ 1,55
e R$ 1,60."
O dólar também tem visto
seu valor derreter no exterior.
Nas operações de ontem, encerrou em queda de 0,67%
diante do euro -que passou a
valer US$ 1,5676.
O enfraquecimento da divisa
americana fez com que, no Brasil, voltasse a ser negociada nos
mesmos patamares do período
da crise cambial, que fez o governo liberar as cotações da
moeda em janeiro de 99.
Se a Bovespa voltar a atrair o
capital externo, o câmbio poderá ter uma nova motivação para
aprofundar sua atual rota. Neste mês, o saldo dos estrangeiros
na Bolsa está fortemente negativo em R$ 7,17 bilhões até o dia
23. Os investidores mais têm
vendido que comprado ações.
Segundo operadores, os estrangeiros voltaram a comprar
ações com mais força ontem.
Entre as grandes companhias, se destacaram no pregão
de ontem as ações PNA da Usiminas (5,31% de alta) e as ON
do Banco do Brasil (5,11%).
As ações da Embratel Participações, que passaram a ter um
volume reduzido de transações
após seu controlador adquirir
em 2006 grande parte dos papéis em circulação, dispararam
33,57% (ON) e 28,15% (PN).
Em comunicado ao mercado,
a empresa afirmou desconhecer "qualquer ato ou fato relacionado" à companhia que possa justificar a elevação.
Juros maiores
A preocupação com a inflação pressionou as taxas de juros mais longas na BM&F. No
contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence em janeiro
de 2010, o mais negociado, a taxa subiu de 14,76% a 14,80%.
Com o temor de que o risco
inflacionário não vai se dissipara tão cedo, o mercado pode
elevar ainda mais suas projeções para a taxa básica Selic,
que está em 12,25%, para o fim
do ano. Na última pesquisa semanal, que o BC realiza com os
bancos e divulga toda segunda,
a previsão era que a Selic estará
em 14,25% no fim do ano.
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