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Desaceleração de empréstimos fica para 2009, dizem bancos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mesmos bancos que previam uma desaceleração na expansão do crédito ao longo de
2008 revisaram suas projeções
e agora aguardam esse crescimento menor apenas em 2009.
Os motivos são os mesmos que
inspiraram cautela no início do
ano -crise externa, aumento
da inflação e dos juros- e que
parecem assustar menos no segundo semestre que em 2009.
Bradesco, Itaú e Unibanco
disseram que suas carteiras de
crédito vão crescer bem mais
do que o previsto no início do
ano. Se a previsão anterior era
de crescimento de 25% em relação a 2007, a expectativa agora é que o ritmo de expansão seja mais próximo de 30%. No
ano passado, o crédito aumentou 27,7% em relação a 2006.
Em julho deste ano, a expansão
anual era de 32,7%, mesmo
com o aumento nas taxas cobradas pelos bancos.
Para Nicola Tingas, economista-chefe da Febraban, o aumento nas taxas não foi suficiente para diminuir o interesse nos financiamentos porque
o ciclo atual de crescimento do
crédito é resultado de um aumento na confiança do consumidor e das empresas, que absorveu uma "demanda reprimida" no consumo. "Você deu
renda maior, estabilidade de
crescimento, inflação baixa e
emprego. Sinalizou confiança.
O sujeito passou a acreditar que
poderia tomar empréstimo e
depois pagar. E foi o que aconteceu. O crédito antecipa renda
futura e supre essa demanda
reprimida de consumo", disse.
A maior surpresa foi a reação
do crédito para as empresas,
que cresceu 40,9% nos últimos
12 meses. A crise nos mercados
restringiu a possibilidade de
novas emissões externas, levando as empresas a procurarem financiamento no país.
O analista de bancos Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings, avalia que o aumento dos
juros terão seus efeitos de contração sentidos mais em 2009.
"As estatísticas mostram que a
inflação está caindo. Houve um
aumento do emprego, a inflação deu uma acalmada, a crise
americana não obrigou o BC a
jogar os juros lá para cima. Então, não está tendo essa retração. O que questionamos é se
esse efeito vai chegar em 2009,
após as eleições", disse.
Para Tingas, haverá uma desaceleração no crédito e no PIB
só em 2009, o suficiente para
reequilibrar demanda e oferta
na economia, mas com uma
"recuperação sustentável" a
partir de 2010. "A taxa de investimento cresceu. Você aumentou a produtividade da economia e deu condições de sustentar um crescimento mais longo.
É uma surpresa boa porque a
economia está com uma capacidade de investimento maior
do que se supunha", disse.
Santacreu lembra ainda que
os bancos, especialmente os de
médio porte, fizeram caixa no
ano passado com os IPOs
[aberturas de capital] para
manter o crédito em 2008. Ele
acredita que, se o mercado internacional de crédito não se
estabilizar até o início de 2009,
haverá um aumento dos custos
de captação capaz de reduzir o
crédito inclusive no Brasil.
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