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Inflação muda hábito de consumo de 80%
Mas ritmo menor de alta dos preços faz confiança do consumidor subir 6,2% em agosto, segundo pesquisa da FGV
Entre as capitais, São Paulo lidera a retomada da confiança, com alta de 12%; RJ é a mais pessimista, com queda de 1,8% em agosto
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação em alta já afetou o
padrão de consumo das famílias. Segundo a última Sondagem do Consumidor da FGV
(Fundação Getúlio Vargas),
quatro em cada cinco consumidores decidiram cortar gastos
ou substituir produtos e serviços para evitar comprometimento maior do orçamento.
44,5% dos consumidores disseram que estão procurando
substituir produtos e serviços
por outros mais baratos, e
35,4% afirmaram que estão
cortando gastos por cautela.
Apenas 20,1% disseram não ter
mudado os hábitos.
O efeito da inflação (o IPCA
subiu 4,19% até julho) na cesta
de compras foi maior entre os
consumidores com renda familiar de até R$ 2.100: 51% deles
disseram ter adotado a substituição de produtos. Na faixa de
renda mais alta, acima de R$
9.600, 35,9% optaram por produtos e serviços mais em conta.
Os alimentos estão no topo
da lista de produtos que mais
afetaram o orçamento, com
61,6%. Em segundo vêm as tarifas públicas, de energia, água e
telefone, com 22,9%, seguido
de serviços em geral (10,3%).
"Os mais pobres comprometem uma parcela maior do orçamento com a alimentação",
diz Aloisio Campelo, coordenador da pesquisa. Entre os consumidores com renda familiar
de até R$ 2.100, 66,8% citam os
alimentos como principal pressão no orçamento, contra
54,7% entre os com renda familiar superior a R$ 9.600. Os
consumidores mais ricos, no
entanto, citam também o aumento das tarifas (31,2%).
De acordo com a pesquisa,
49,8% dos entrevistados apostam em crescimento maior da
economia nos próximos cinco
anos. No ano passado, eram
53,2%. Segundo Campelo, a
avaliação do consumidor sobre
a economia e as expectativas
para o desempenho nos próximos meses está relacionada ao
desempenho da inflação. Após
duas quedas, o índice de confiança do consumidor subiu
6,2% em agosto com o ritmo
menor da inflação.
"O consumidor amenizou a
leitura pessimista, e essa mudança foi influenciada pelo
comportamento da inflação. É
um sinal favorável, mas ainda
precisamos ver se esse movimento é sustentável", disse.
"Nos últimos meses, a percepção dos entrevistados foi
afetada não só pela alta de preços, como pelas expectativas de
piora da economia, mas agora
prevalece a avaliação de que a
desaceleração será suave."
O aumento da confiança foi
maior entre consumidores de
renda mais alta. Segundo a pesquisa, na faixa de renda acima
de R$ 9.600 houve um aumento de 10,9%. Entre os que têm
renda familiar de até R$ 2.100,
a alta foi de 2,5% em agosto.
Entre as capitais, São Paulo
lidera a retomada da confiança,
com alta de 12%. O Rio é a capital mais pessimista, com uma
queda de 1,8% na confiança do
consumidor em agosto. A pesquisa detectou também aumento na disposição para a
compra de bens de alto valor,
como móveis e eletrodomésticos. Houve aumento de 1,1% na
comparação com julho, e 11%
disseram que pretendem gastar
mais em compras nos próximos seis meses.
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