São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Inflação muda hábito de consumo de 80%

Mas ritmo menor de alta dos preços faz confiança do consumidor subir 6,2% em agosto, segundo pesquisa da FGV

Entre as capitais, São Paulo lidera a retomada da confiança, com alta de 12%; RJ é a mais pessimista, com queda de 1,8% em agosto

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação em alta já afetou o padrão de consumo das famílias. Segundo a última Sondagem do Consumidor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), quatro em cada cinco consumidores decidiram cortar gastos ou substituir produtos e serviços para evitar comprometimento maior do orçamento.
44,5% dos consumidores disseram que estão procurando substituir produtos e serviços por outros mais baratos, e 35,4% afirmaram que estão cortando gastos por cautela. Apenas 20,1% disseram não ter mudado os hábitos.
O efeito da inflação (o IPCA subiu 4,19% até julho) na cesta de compras foi maior entre os consumidores com renda familiar de até R$ 2.100: 51% deles disseram ter adotado a substituição de produtos. Na faixa de renda mais alta, acima de R$ 9.600, 35,9% optaram por produtos e serviços mais em conta.
Os alimentos estão no topo da lista de produtos que mais afetaram o orçamento, com 61,6%. Em segundo vêm as tarifas públicas, de energia, água e telefone, com 22,9%, seguido de serviços em geral (10,3%).
"Os mais pobres comprometem uma parcela maior do orçamento com a alimentação", diz Aloisio Campelo, coordenador da pesquisa. Entre os consumidores com renda familiar de até R$ 2.100, 66,8% citam os alimentos como principal pressão no orçamento, contra 54,7% entre os com renda familiar superior a R$ 9.600. Os consumidores mais ricos, no entanto, citam também o aumento das tarifas (31,2%).
De acordo com a pesquisa, 49,8% dos entrevistados apostam em crescimento maior da economia nos próximos cinco anos. No ano passado, eram 53,2%. Segundo Campelo, a avaliação do consumidor sobre a economia e as expectativas para o desempenho nos próximos meses está relacionada ao desempenho da inflação. Após duas quedas, o índice de confiança do consumidor subiu 6,2% em agosto com o ritmo menor da inflação.
"O consumidor amenizou a leitura pessimista, e essa mudança foi influenciada pelo comportamento da inflação. É um sinal favorável, mas ainda precisamos ver se esse movimento é sustentável", disse.
"Nos últimos meses, a percepção dos entrevistados foi afetada não só pela alta de preços, como pelas expectativas de piora da economia, mas agora prevalece a avaliação de que a desaceleração será suave."
O aumento da confiança foi maior entre consumidores de renda mais alta. Segundo a pesquisa, na faixa de renda acima de R$ 9.600 houve um aumento de 10,9%. Entre os que têm renda familiar de até R$ 2.100, a alta foi de 2,5% em agosto.
Entre as capitais, São Paulo lidera a retomada da confiança, com alta de 12%. O Rio é a capital mais pessimista, com uma queda de 1,8% na confiança do consumidor em agosto. A pesquisa detectou também aumento na disposição para a compra de bens de alto valor, como móveis e eletrodomésticos. Houve aumento de 1,1% na comparação com julho, e 11% disseram que pretendem gastar mais em compras nos próximos seis meses.


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