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Presidente do Equador ameaça expulsar Odebrecht
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente do Equador,
Rafael Correa, ameaçou expulsar a empreiteira Odebrecht
por causa da paralisação da hidrelétrica San Francisco, a segunda maior do país. Inaugurada há 13 meses, a usina não produz desde junho devido a problemas de construção.
"Dissemos [à Odebrecht]: Senhores, arrumem San Francisco. Senhores, se responsabilizem pelo lucro cessante. Senhores, devolvam o prêmio de
uns US$ 20 milhões por haverem terminado a obra com antecipação e acabem com essas
práticas corruptas", disse Correa em seu programa semanal
de rádio, no último sábado.
A usina está localizada na região central do país e é responsável por 12% da produção total
de energia do Equador. Segundo o governo, há dois problemas graves: o desgaste prematuro das rodas d'água das turbinas e o desabamento parcial do
túnel por onde passa a água que
gera a eletricidade.
Correa, que está em campanha para a aprovação da nova
Constituinte, no mês que vem,
disse que a Odebrecht será expulsa caso não atenda às exigências e anunciou a revisão de
um projeto hidrelétrico que
tem a participação da empresa.
"Não me importa se as obras
pararem, conseguiremos outros construtores, mas já basta.
Não vamos suportar mais burlas ao povo equatoriano."
Procurada pela Folha, a
Odebrecht enviou uma nota
em que classifica os problemas
no túnel de "pontuais" e admitiu o desgaste "excessivo" das
turbinas. A empresa afirma que
o consórcio responsável pela
obra está reparando todas as
falhas para que a usina volte a
funcionar em 4 de outubro.
Segundo a Odebrecht, o governo pagou US$ 13 milhões
-e não US$ 20 milhões, como
disse Correa-por ter entregue
a obra com nove meses de antecipação "a título de reembolso de custos adicionais pela antecipação do prazo de entrega".
A reportagem apurou que a
Odebrecht não aceita pagar ao
Estado o lucro cessante devido
à paralisação da usina. Um estudo encomendado pelo governo estima que o prejuízo será
de US$ 65 milhões caso ela fique parada por cinco meses.
Orçada em US$ 282 milhões,
a hidrelétrica San Francisco
contou com um financiamento
de US$ 243 milhões do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
No Equador desde 1986, a
Odebrecht está envolvida em
diversos projetos como a hidrelétrica Toachi-Pilatón, que
Correa pretende revisar.
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