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BB ainda não fez proposta pela Nossa Caixa
Equipe já terminou coleta e análise de dados, mas não chegou a uma proposta viável para oferecer ao governo paulista
Sete consultores divergem sobre valor de ativos como folha de pagamento dos servidores, conta única do Estado e depósitos judiciais
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco do Brasil ainda não
apresentou sua proposta pela
Nossa Caixa apesar de a equipe
de trabalho, que envolveu mais
de 80 pessoas e três consultores independentes - Merrill
Lynch, UBS/Pactual e Accenture-, já ter praticamente encerrado a coleta e a análise de
dados do banco paulista.
Segundo George Tormin, secretário-adjunto da Fazenda
do governo paulista, é precipitado afirmar que o Banco do
Brasil não concordou com as
avaliações correntes dos principais ativos da Nossa Caixa,
como a folha de pagamentos
dos servidores, os depósitos judiciais e a conta do Estado.
"Ainda não sentamos para
conversar sobre números. Devemos sentar nos próximos
dias -tanto o pessoal que está
nos assessorando quanto os
que assessoram o BB e a Nossa
Caixa. Estamos concluindo, ao
longo desta semana, as avaliações. À medida que tivermos o
sinal verde do outro lado [ BB],
de que já estão "ok", nós devemos sentar para negociar", disse Tormin à Folha.
O secretário afirmou que o
governo de São Paulo já tem
um valor preliminar dos ativos
do banco. O governo teve como
consultores o Banco Fator e o
Citibank, enquanto a Nossa
Caixa contratou nas últimas
semanas o JP Morgan e o Morgan Stanley para assessorar na
avaliação. Ao todo, sete consultores estão debruçados nos números da Nossa Caixa.
Entre os pontos de divergência dos consultores estaria o
valor da folha de servidores
paulista, vendida no ano passado por R$ 2,084 bilhões e que
motivou forte queda nas ações
da Nossa Caixa. O BB gerencia
os pagamentos em mais de dez
Estados e não estaria disposto
a pagar um valor superior ao
que a folha paulista de fato
agregaria ao banco.
Além disso, a exclusividade
da folha de pagamentos só vai
até 2012, quando finalmente o
servidor poderá levá-la ao banco de sua preferência. Outro
motivo de preocupação é com a
capacidade de retenção de
clientes do Santander, antigo
dono da folha dos servidores
paulistas. O banco adianta em
cinco dias úteis o salário do servidor e afirma quem mantém
relacionamento com 90% dos
antigos correntistas.
De acordo com o secretário,
o fato de a negociação envolver
troca de ações também não diminuiu o interesse do Estado
no negócio. "Não afeta [a negociação] a forma como vai ser
feita. Trata-se de uma incorporação, então prevê a troca de
ações entre as duas empresas.
Como vai ser transformado em
dinheiro, vai depender da forma de negociação. Também será um dos pontos abordados."
Questionado sobre quando
deverá se reunir com o BB, o
secretário se limitou a afirmar
que será quando o banco federal estiver pronto para isso.
"Depende muito da posição do
BB. Ele vai ter de dar o sinal
verde. Estamos aguardando a
proposta. É uma operação
complexa. [O negócio] depende
de qual o valor o BB vier a oferecer. Se for um bom negócio
para o governo do Estado, será
conduzido", disse.
Para Luis Miguel Santacreu,
analista de bancos da Austin
Ratings, o governo Serra sabe
que o BB não tem outras oportunidades para crescer em São
Paulo, por isso exigirá um valor
alto pelo banco. O analista afirma que é natural que a incorporação atrase em relação ao
previsto. "Está emperrada, mas
também estava indo muito rapidamente. A Nossa Caixa não
é um banco pequeno. Tem todo
um conjunto de elementos que
o comprador tem de analisar e
digerir", disse.
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