São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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Manda quem contribui, diz empresário

DA REPORTAGEM LOCAL

Quem tem de administrar o sistema S são os donos do dinheiro. O recado é dado pelos empresários ao governo, que quer democratizar a gestão do sistema.
"O governo não tem de botar a mão nem no dinheiro nem na administração desses recursos", afirma Paulo Butori, presidente do Sindipeças, que reúne as indústrias de autopeças. "A administração pública tem de se preocupar com saúde, educação, infra-estrutura e saneamento." Ele não vê problemas, entretanto, em uma gestão compartilhada com os trabalhadores.
Para Synésio Batista da Costa, vice-presidente da CCE, o trabalhador não contribui para o sistema, mas se beneficia dele. "Por essa razão, é o empresário que tem de gerir os recursos. Já o governo recebe para ser o arrecadador. Pagamos uma comissão do INSS para prestar esse serviço para as indústrias", afirma.
O grupo CCE contribui com R$ 340 mil por mês para o sistema. "São descontados 5,8% para Senai, Sesi, salário-educação, Sebrae e Incra. Desse desconto, tenho retorno do que ocorre com o dinheiro que vai para os S, mas o que o governo faz com o desconto que vai para o Incra?", diz Costa.
Os empresários defendem há anos a redução dos encargos sociais como condição para baixar o custo da contratação. Mas não estendem a reivindicação para os S, que também são financiados por uma contribuição social.
"No nosso caso, é a contribuição mais barata que existe. Porque o desconto de 2% sobre a folha de pagamento das empresas de transporte resulta em capacitação e atendimento para nossos funcionários", diz Urubatan Helou, diretor-presidente da Braspress, uma das maiores distribuidoras de encomendas urgentes do país.
Nem todos os empresários são contra discutir reformas no sistema. "Em algum momento, a estrutura de financiamento compulsória terá de ser revista", afirma Paulo Godoy, presidente da Abdib (indústria de base).
Para Tarcísio Secoli, representante da CUT no fórum que discute o sistema S, o trabalhador deve participar da gestão dos recursos porque o custo desses encargos é repassado para o preço dos produtos. "Se a sociedade paga por isso, tem de participar, sim, dessa discussão."
Para o presidente interino da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o trabalhador tem de participar do debate sobre cursos para formação profissional. (FF e CR)

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