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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Jaques Wagner manda representante fazer intermediação entre empresa e trabalhadores parados
Emissário do governo aborta ida à GM na 6ª
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve da GM de São José dos
Campos (SP) levou o ministro do
Trabalho, Jaques Wagner, a enviar às pressas a São Paulo, na sexta-feira, um representante para
apaziguar as negociações entre diretores da montadora e do Sindicato dos Metalúrgicos de São José
dos Campos, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Osvaldo Bargas, secretário de
Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, saiu de Brasília
com a missão de ir diretamente
para a porta da fábrica da GM, depois de um telefonema de Heigberto Navarro,o Guiba, delegado
regional do Ministério do Trabalho em SP -que foi procurado
pela direção da GM-, ao ministro do Trabalho.
No meio do caminho, após troca de telefonemas entre o ministro Jaques Wagner, representantes da montadora e dos trabalhadores, o Ministério do Trabalho
voltou atrás. Considerou que era
melhor orientar as partes a tentar
um novo encontro -o que deve
acontecer na manhã desta segunda-feira- antes de partir de fato
para uma intermediação na negociação salarial de emergência.
"Se a GM e os trabalhadores não
entrarem em acordo, aí sim, participarei de uma reunião com eles
no período da tarde na Delegacia
Regional do Trabalho em São
Paulo para tentar um acordo."
A troca de telefonemas com o
Ministério do Trabalho começou
logo pela manhã de sexta-feira.
Chegou aos ouvidos do ministro
que a greve na fábrica da GM em
São José dos Campos "estava pegando fogo" em um momento
ruim, nas proximidades do dia 1º
de maio, quando é comemorado
o Dia do Trabalho. O temor é que
as paralisações se espalhem ainda
mais pela região e pelo país.
O Ministério do Trabalho foi informado de que a greve da GM estava sendo estimulada pela ala
mais radical da CUT, comandada
por José Maria de Almeida, membro da Executiva Nacional da
CUT e presidente do PSTU. Almeida defende o acionamento do
gatilho salarial toda vez que a inflação chegar a 3%. Outras categorias ligadas à CUT, como a dos
químicos e a dos bancários, reivindicam antecipação salarial.
Bargas diz que foi convocado
para a reunião com a GM e os trabalhadores por decisão das duas
partes. "Esse é o nosso papel. Faremos isso sempre que as partes
acharem conveniente a nossa intermediação. Isso não significa intervenção do Estado", afirma.
O secretário de Relações do Trabalho entende que a greve na GM
não é política. "A paralisação é resultado de um processo de negociação", diz. No seu entendimento, as antecipações salariais não
são um passo para a reindexação
dos salários, como alguns representantes do governo já disseram.
Bargas diz que acompanha as
negociações salariais das categorias mais importantes. "Se há conflito, me dedico um pouco mais",
afirma. Ele diz que estava acompanhando as negociações entre a
GM e os trabalhadores desde a
quinta-feira. O Ministério do Trabalho chegou à conclusão de que
era interessante marcar uma reunião de conciliação.
Bargas afirma que ele já estava
vindo para São Paulo na sexta-feira, pois tem casa na capital paulista. Não foi enviado às pressas.
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