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CRÉDITO
Ministro teria dado orientação ao presidente do BC; objetivo é estimular queda dos juros bancários
Palocci dá sinal verde para baixar compulsório
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O governo irá baixar nesta semana as taxas do recolhimento
compulsório sobre os depósitos à
vista e a prazo que as instituições
financeiras são obrigadas a deixar
no BC (Banco Central). O objetivo
da medida é estimular uma queda
nas taxas de juros dos bancos e
dar início ao processo de reativação da atividade econômica.
De acordo com o que a Folha
apurou, a orientação foi dada pelo
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao presidente do BC, Henrique Meirelles, numa conversa por
telefone, na sexta-feira passada.
O Brasil é o país que fixa as
maiores taxas de compulsório no
mundo. O compulsório fixado
pelo BC hoje é de 68% sobre os
depósitos à vista e de 23% sobre
os depósitos a prazo. Na maioria
dos países emergentes, a taxa é de
aproximadamente 25%.
O depósito compulsório é um
dos instrumentos de política monetária do BC. Por meio dele, é
possível influenciar a quantidade
de dinheiro que os bancos podem
usar para conceder crédito.
Quanto maior a parcela dos depósitos que os bancos têm que recolher, menor o volume de crédito
na economia.
Ao pedir a Meirelles para baixar
o compulsório, Palocci levou em
consideração o fato de que essa
medida poderia ajudar no processo de queda dos juros na economia, uma semana depois de o
Banco Central ter reduzido em 1,5
ponto percentual na Selic (os juros básicos da economia)- de
26% para 24,5%.
A redução na taxa Selic não foi
muito bem recebida por parte do
mercado ou por ministros que
compõem o núcleo duro do governo. A queda de apenas 1,5 ponto percentual foi considerada insuficiente para injetar mais ânimo
na economia, principalmente
num momento em que o desemprego bate recorde no país.
O governo mostrou sinais de
preocupação com o agravamento
da situação econômica, principalmente com as taxas recorde de
desemprego. A decisão de baixar
o compulsório deverá ser apenas
o primeiro passo de uma série de
medidas que serão adotadas nos
próximos dias com o objetivo de
tentar reativar a economia.
Na conversa com Meirelles, segundo a Folha apurou, Palocci se
mostrou animado com alguns sinais positivos, entre eles os últimos números de venda de carros,
que registrou um pequeno crescimento, e do índice de desemprego do Dieese, que teve ligeira melhora na semana passada.
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