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NEGÓCIOS
Grupo brasileiro Forjas Taurus é o segundo em exportações para os Estados Unidos, onde detém 30% do mercado
EUA compram 229 mil revólveres do Brasil
MARCIO AITH
EDITOR DE DINHEIRO
Ao fugir da polícia entre 27 de
abril e 15 de julho de 1997, o americano Andrew Philip Cunanan
percorreu quatro Estados americanos carregando na bagagem
um típico produto de exportação
brasileiro: uma pistola Taurus, calibre 40. Com ela, matou cinco
pessoas, incluindo o famoso designer Gianni Versace. Matou-se
logo depois.
Como aviões da Embraer ou
placas de aço da CSN, a arma usada por Cunanan é uma daquelas
exceções, ainda que discreta, que
confirmam a histórica inaptidão
brasileira em conquistar mercados externos.
O Brasil -na verdade, as companhias Taurus e Rossi, associadas em 1997- é o segundo maior
exportador de revólveres para os
EUA. Foi o primeiro por quase
uma década. Em 2002, a companhia vendeu cerca de 229 mil unidades para os EUA, número apenas inferior às exportações austríacas, de 250 mil.
A Taurus/Rossi controla cerca
30% do mercado norte-americano de armas leves. Em 1982, inaugurou sua subsidiária nos EUA,
sediada em Miami. Juntamente
com o nome Rossi, a Taurus constituiu uma distribuidora única
nos EUA, de nome Braztech.
Juntas, as duas empresas disputam um mercado que absorve,
por ano, cerca de 1,7 milhão de armas. Segundo o Escritório de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo dos
EUA, metade dessas armas é produzida por fornecedores estrangeiros ou pelas subsidiárias desses
fornecedores nos EUA.
Essa forte presença no mercado
americano rendeu à companhia a
ira dos concorrentes locais e papel
de destaque na polêmica em torno do porte de armas.
Com outros fabricantes, ela está
sendo processada por duas dezenas de cidades dos EUA que querem reaver o custo do tratamento,
em hospitais públicos, de vítimas
de armas de fogo.
Entre outras, as prefeituras de
Miami (Estado da Flórida), de Newark (Nova Jersey), de Chicago
(Illinois) e de Brigdeport (Connecticut) incluíram a fabricante
brasileira nos processos.
Essas cidades foram estimuladas pelo sucesso das indenizações
contra fabricantes de cigarro.
Ainda não existe decisão final
ou acordo nos processos contra a
Taurus. No entanto, incidentes
envolvendo armas da fabricante
brasileira, como o assassinato de
Gianni Versace, se repetem.
Membro da Nação Ariana, grupo que prega a supremacia branca, Buford O'Neal Furrow invadiu
um centro comunitário judaico
em Los Angeles, em 1999, ferindo
cinco pessoas e matando, na fuga,
um cidadão filipino.
Antes de ser condenado em juízo, Furrow declarou: "Ontem,
pensei em matar minha ex-mulher e algumas de suas amigas. E,
talvez, fugir para o Canadá e lá
roubar um banco. Queria que a
polícia me matasse. Tenho uma
pistola semi-automática 9 milímetros fabricada pela Taurus. Eu
sempre a carrego no porta-luvas
do carro".
Em 2000, a Taurus resistiu a tentativas do governo americano para que os fabricantes colocassem
travas de segurança e restringissem, inicialmente de forma espontânea, a venda de armas.
Em carta divulgada ao público,
o vice-presidente-executivo da
Taurus International, Robert G.
Morrison, deixou claro os princípios que regem a companhia.
"A Taurus acredita que, quando
administrado com propriedade
pelas autoridades", o sistema de
licenciamento e de restrições existente à época "é mais que suficiente para prevenir a venda para
criminosos ou para crianças".
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