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Lula reconhece divergências com aliados do G20
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Lisboa que o G20, grupo de países
emergentes que negocia unido
a Rodada Doha, "não sairá rachado", mas admitiu que há
"disparidades enormes". Defendeu que "o Brasil não quebrou nenhuma solidariedade".
Anteontem, o Brasil, a União
Européia e os Estados Unidos
conseguiram avanços nas negociações para um acordo global de comércio nas reuniões
de Genebra, mas aliados brasileiros do G20, como Índia e Argentina, resistem duramente às
propostas.
Ontem, Lula disse acreditar
num acordo. "O Brasil não quebrou nenhuma solidariedade.
Nós participamos do G20, queremos um acordo, mas vocês
hão de convir que dentro do
G20 nós temos também assimetrias entre os países, temos
disparidades enormes. Os interesses não são os mesmos, embora nós precisemos encontrar
um denominador comum."
O presidente bate sempre na
tecla de que existe um compromisso dos líderes mundiais para conseguir chegar a uma solução. "Continuo acreditando
que nós vamos fechar o acordo
na Rodada Doha. As divergências são normais, porque envolvem muitos interesses, muitos
países, milhares de empresários. Tem de ter divergências.
Mas o importante é que há decisão política de que nós podemos fazer um acordo, e ele será
bom para todo mundo."
Mais pobres
O Brasil adotou um discurso
de que não é o principal interessado na conclusão das negociações, mas que luta em nome
dos países mais pobres, para
quem a abertura dos mercados
ricos seria crucial.
"O que precisamos é ter um
mercado realmente livre. O
mundo rico precisa compreender que comércio livre significa
não apenas eles quererem vender -significa eles terem disposição de comprar", disse o
presidente. "Não falo do Brasil,
que é competitivo. Falo pelos
outros países da América Latina, falo pelos países africanos,
que precisam da flexibilização
do mercado europeu e do fim
dos subsídios americanos."
O impasse dura meses. A
atual proposta foi apresentada
por Pascal Lamy, diretor-geral
da OMC (Organização Mundial
do Comércio), em busca de um
caminho para a mais ambiciosa
tentativa de abertura comercial
já feita. O pacote inclui fórmulas para a redução do protecionismo agrícola dos países ricos
e para os cortes nas tarifas industriais dos emergentes.
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