São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

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Justiça manda indústria de suco retomar a colheita

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça do Trabalho em Taquaritinga (SP) determinou que as quatro maiores indústrias de suco de laranja do país retomem a colheita da fruta que havia sido paralisada no início deste mês, prejudicando trabalhadores rurais e produtores de Araraquara e região.
As empresas Cutrale, Citrovita, Louis Dreyfus e Citrosuco (grupo Fischer) interromperam a colheita sem aviso prévio, segundo informam representantes de produtores e trabalhadores que recorreram à gerência regional do Trabalho de Araraquara e ao MPT (Ministério Público do Trabalho).
A decisão da Justiça do Trabalho, concedida por tutela antecipada, atende pedido do MPT que ajuizou ação civil pública na semana passada, pedindo retomada da colheita e pagamento de indenização de R$ 5 millhões, de cada empresa. Segundo o MPT, os trabalhadores rurais foram lesados ao ficarem sem emprego.
Marco Antonio dos Santos, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Taquaritinga e representante da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo), diz que a paralisação na colheita de laranja, a pedido das indústrias, prejudicou 3.000 produtores e ao menos 3.000 trabalhadores nas regiões de Araquara, Itápolis, Taquaritinga, Ibitinga, Itápolis e Borborema.
"A laranja é perecível. Quando cai do pé, apodrece. Não dá para esperar", afirma Santos. Segundo ele, não existe relacionamento entre produtores e as indústrias. "O fato é que só existem quatro grandes indústrias desse setor no país, e eles param de comprar quando quererem e também pagam quanto querem pela laranja", diz.
"O que acontece é que quando uma pára de receber laranja a outra também pára. Se uma reduz de R$ 11 para R$ 9 o preço pago pela caixa de laranja [40,8 quilos], a outra também reduz. O que se fala por aqui é que as quatro indústrias "comem no mesmo cocho" [vasilha de madeira em que se coloca água ou comida do gado]", diz Santos.
A suspensão na colheita de laranja, segundo ele, foi pedida pelas indústrias sob o argumento de que a fruta não estava madura ou pronta para ser processada. "O que soubemos de forma extra-oficial, nas portas das fábricas, é que as colheitas e as entregas serão normalizadas em setembro." No passado, diz, a indústria era responsável pela colheita no campo. "Depois mudou. Se a indústria continuar a ter essa posição, ela que volte a colher a fruta."
Cutrale, Citrovita e Louis Dreyfus informaram que não iriam comentar o assunto porque não foram notificadas sobre a decisão da Justiça.


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