|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Justiça manda indústria de
suco retomar a colheita
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça do Trabalho em Taquaritinga (SP) determinou
que as quatro maiores indústrias de suco de laranja do país
retomem a colheita da fruta
que havia sido paralisada no
início deste mês, prejudicando
trabalhadores rurais e produtores de Araraquara e região.
As empresas Cutrale, Citrovita, Louis Dreyfus e Citrosuco
(grupo Fischer) interromperam a colheita sem aviso prévio, segundo informam representantes de produtores e trabalhadores que recorreram à
gerência regional do Trabalho
de Araraquara e ao MPT (Ministério Público do Trabalho).
A decisão da Justiça do Trabalho, concedida por tutela antecipada, atende pedido do
MPT que ajuizou ação civil pública na semana passada, pedindo retomada da colheita e
pagamento de indenização de
R$ 5 millhões, de cada empresa.
Segundo o MPT, os trabalhadores rurais foram lesados ao ficarem sem emprego.
Marco Antonio dos Santos,
presidente do Sindicato dos
Produtores Rurais de Taquaritinga e representante da Faesp
(Federação da Agricultura do
Estado de São Paulo), diz que a
paralisação na colheita de laranja, a pedido das indústrias,
prejudicou 3.000 produtores e
ao menos 3.000 trabalhadores
nas regiões de Araquara, Itápolis, Taquaritinga, Ibitinga, Itápolis e Borborema.
"A laranja é perecível. Quando cai do pé, apodrece. Não dá
para esperar", afirma Santos.
Segundo ele, não existe relacionamento entre produtores e as
indústrias. "O fato é que só
existem quatro grandes indústrias desse setor no país, e eles
param de comprar quando quererem e também pagam quanto
querem pela laranja", diz.
"O que acontece é que quando uma pára de receber laranja
a outra também pára. Se uma
reduz de R$ 11 para R$ 9 o preço
pago pela caixa de laranja [40,8
quilos], a outra também reduz.
O que se fala por aqui é que as
quatro indústrias "comem no
mesmo cocho" [vasilha de madeira em que se coloca água ou
comida do gado]", diz Santos.
A suspensão na colheita de
laranja, segundo ele, foi pedida
pelas indústrias sob o argumento de que a fruta não estava
madura ou pronta para ser processada. "O que soubemos de
forma extra-oficial, nas portas
das fábricas, é que as colheitas e
as entregas serão normalizadas
em setembro." No passado, diz,
a indústria era responsável pela
colheita no campo. "Depois
mudou. Se a indústria continuar a ter essa posição, ela que
volte a colher a fruta."
Cutrale, Citrovita e Louis
Dreyfus informaram que não
iriam comentar o assunto porque não foram notificadas sobre a decisão da Justiça.
Texto Anterior: Mais de 200 milhões deixam miséria, diz Banco Mundial Próximo Texto: MPF prepara nova ação contra usina no Madeira Índice
|