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PREVIDÊNCIA PRIVADA
Prejuízo é de janeiro a julho deste ano; valor equivale a 7% do patrimônio em dezembro de 2001
Perda de fundos em Bolsas é de R$ 11,8 bi
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os fundos de pensão acumularam, entre janeiro e julho deste
ano, perdas de R$ 11,8 bilhões decorrentes de aplicações em Bolsas
de Valores. O resultado faz parte
de estimativa da SPC (Secretaria
de Previdência Complementar),
calculada a pedido da Folha.
No mesmo período do ano passado, os fundos também registraram perdas em aplicações no
mercado de ações, mas o estrago
foi menor: R$ 2,9 bilhões. O montante acumulado neste ano representa 7% do patrimônio total das
entidades em dezembro de 2001.
O secretário de Previdência
Complementar, José Roberto Savóia, disse que a perda dos fundos
com as Bolsas ainda não foi "realizada", e as entidades podem se recuperar no médio prazo. Caso isso não aconteça, os fundos serão
obrigados a elevar as contribuições de seus participantes e a exigir aporte de recursos por parte
das empresas patrocinadoras.
No próximo mês, a SPC deverá
definir as regras para o ajuste dos
fundos no caso de perdas em suas
aplicações. Será criado um "gatilho" a ser acionado quando os resultados negativos oscilarem acima de determinada margem.
"Haverá uma margem de flutuação, que será inferior a 5% das
reservas garantidoras do pagamento dos benefícios. Quando a
depreciação do patrimônio superar essa margem, os fundos serão
obrigados a contratar essa insuficiência [aumento de contribuição
e aporte das patrocinadoras"", explicou o secretário.
A nova regra começará a ser
aplicada já nos resultados do ano
passado apresentados pelos fundos à SPC. Em 2001, os fundos fecharam o ano com insuficiência
de reservas para pagar benefícios
estimada em R$ 3,9 bilhões. Esse
resultado foi fortemente influenciado pela queda nas Bolsas no
ano passado.
Rentabilidade
O levantamento das perdas dos
fundos foi preparado com base na
variação do Ibovespa (índice da
Bolsa de Valores de São Paulo)
entre janeiro e julho deste ano.
A SPC ressalva que a rentabilidade da carteira de renda variável
dos fundos desde janeiro do ano
passado, no entanto, tem ficado
acima do Ibovespa.
Savóia lembra que, de janeiro
do ano passado a julho deste ano,
os fundos vêm voluntariamente
reduzindo seus investimentos em
ações.
O volume de recursos aplicados
em renda variável no período caiu
de R$ 50,27 bilhões para R$ 37,7
bilhões. "Parte foi movimento de
redução, mas também há o impacto das perdas", detalhou o secretário.
Nas últimas semanas, no entanto, administradores de fundos de
pensão vêm sinalizando que pretendem voltar de forma mais
agressiva ao mercado de capitais.
"Essa volta precisa ser feita com
muita cautela. É preciso haver
uma seleção criteriosa das empresas cujos papéis serão comprados.
Os fundos precisam avaliar se essas empresas estão cumprindo
normas de boa governança."
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