São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

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INTEGRAÇÃO

Presidente critica posição de europeus em reunião sobre o Mercosul

Proposta da UE é "mesquinha", diz FHC

WILSON SILVEIRA
ENVIADO A GUAIAQUIL (EQUADOR)

O presidente Fernando Henrique Cardoso classificou de "muito pequenas" e "mesquinhas" as propostas da União Européia nas negociações comerciais com o Mercosul, em reunião realizada no Rio de Janeiro na última terça-feira. A crítica foi feita em entrevista ao canal 1 do Equador, que será veiculada amanhã.
"As propostas da Europa foram muito pequenas, muito mesquinhas. Ou seja, eu não vi grandes progressos. Eu queria muito a relação entre Europa e Mercosul, mas os europeus são muito fechados na questão agrícola", disse o presidente.
O presidente também se queixou do progresso das negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). "Os americanos põem barreiras alfandegárias na produção siderúrgica. Então, não creio que o prazo de 2005 [para o início de vigência da Alca" seja possível. Não vejo como factível, porque não vejo sinal para isso. Não que não queiramos, eles é que não estão fazendo ofertas nesse sentido."
Para FHC, o caminho é a consolidação do Mercosul e a integração da América do Sul, inclusive para que a região tenha mais força para negociar em bloco com os países desenvolvidos. "Será melhor acelerar a integração sul-americana, porque com isso teremos mais força para a negociação na Alca", afirmou.
Questionado sobre como a questão da integração seria tratada em um eventual governo do PT, o presidente respondeu: "Eu não temo Lula da Silva nesse aspecto de integração. Nisso estamos totalmente de acordo, não apenas eu e Lula, mas todos os candidatos que estão no Brasil. Todos são favoráveis ao Mercosul e à integração com o mercado andino, à formação de um espaço sul-americano".
Segundo o presidente, essa não é uma questão que no Brasil possa variar de um governo para outro. "Há uma força mais poderosa. Podemos ter outros conflitos de opinião, mas não nisso."

Melhor dos mundos
O presidente reconheceu que os países sul-americanos estão em crise. "Os Estados têm dificuldades. Sempre temos alguma dificuldade. Não se pode negar que a situação financeira, não a econômica, mas a financeira do Brasil não é a melhor dos mundos. Então é uma limitação. A despeito disso, que não nego, pode-se levar adiante o processo integrador."
Sobre a turbulência do mercado financeiro, ele disse que "é consequência da percepção dos centros financeiros do mundo sobre os mercados sul-americanos. Uma percepção equivocada, uma profecia que se auto-realiza".
Segundo o presidente, "muitíssimo mais grave" que os problemas dos países latino-americanos é o fato de não haver controle para a especulação financeira.


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