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INTEGRAÇÃO
Presidente critica posição de europeus em reunião sobre o Mercosul
Proposta da UE é "mesquinha", diz FHC
WILSON SILVEIRA
ENVIADO A GUAIAQUIL (EQUADOR)
O presidente Fernando Henrique Cardoso classificou de "muito pequenas" e "mesquinhas" as
propostas da União Européia nas
negociações comerciais com o
Mercosul, em reunião realizada
no Rio de Janeiro na última terça-feira. A crítica foi feita em entrevista ao canal 1 do Equador, que
será veiculada amanhã.
"As propostas da Europa foram
muito pequenas, muito mesquinhas. Ou seja, eu não vi grandes
progressos. Eu queria muito a relação entre Europa e Mercosul,
mas os europeus são muito fechados na questão agrícola", disse o
presidente.
O presidente também se queixou do progresso das negociações
da Alca (Área de Livre Comércio
das Américas). "Os americanos
põem barreiras alfandegárias na
produção siderúrgica. Então, não
creio que o prazo de 2005 [para o
início de vigência da Alca" seja
possível. Não vejo como factível,
porque não vejo sinal para isso.
Não que não queiramos, eles é
que não estão fazendo ofertas
nesse sentido."
Para FHC, o caminho é a consolidação do Mercosul e a integração da América do Sul, inclusive
para que a região tenha mais força
para negociar em bloco com os
países desenvolvidos. "Será melhor acelerar a integração sul-americana, porque com isso teremos mais força para a negociação
na Alca", afirmou.
Questionado sobre como a
questão da integração seria tratada em um eventual governo do
PT, o presidente respondeu: "Eu
não temo Lula da Silva nesse aspecto de integração. Nisso estamos totalmente de acordo, não
apenas eu e Lula, mas todos os
candidatos que estão no Brasil.
Todos são favoráveis ao Mercosul
e à integração com o mercado andino, à formação de um espaço
sul-americano".
Segundo o presidente, essa não
é uma questão que no Brasil possa
variar de um governo para outro.
"Há uma força mais poderosa.
Podemos ter outros conflitos de
opinião, mas não nisso."
Melhor dos mundos
O presidente reconheceu que os
países sul-americanos estão em
crise. "Os Estados têm dificuldades. Sempre temos alguma dificuldade. Não se pode negar que a
situação financeira, não a econômica, mas a financeira do Brasil
não é a melhor dos mundos. Então é uma limitação. A despeito
disso, que não nego, pode-se levar
adiante o processo integrador."
Sobre a turbulência do mercado
financeiro, ele disse que "é consequência da percepção dos centros
financeiros do mundo sobre os
mercados sul-americanos. Uma
percepção equivocada, uma profecia que se auto-realiza".
Segundo o presidente, "muitíssimo mais grave" que os problemas dos países latino-americanos
é o fato de não haver controle para
a especulação financeira.
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