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AÇO
Banco pretende descobrir se houve fusão ou venda e garantir créditos de US$ 660 milhões que tem a receber da Vicunha
BNDES vai auditar a transação CSN-Corus
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) vai contratar auditores internacionais para examinar os
termos do contrato da transação
entre a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a anglo-holandesa Corus.
Além disso, o banco vai criar
um grupo de trabalho interno,
formado por advogados, economistas e especialistas em siderurgia, com o mesmo objetivo.
O banco estatal tem dois objetivos: constatar se foi realmente
uma fusão ou se a Corus simplesmente adquiriu a CSN; e saber se
seus créditos de aproximadamente US$ 660 milhões com a Vicunha Siderurgia continuarão adequadamente resguardados.
Segundo a Folha apurou, há
dentro do BNDES setores fortemente preocupados com o negócio entre as duas siderúrgicas,
anunciado há duas semanas.
Quando foi feito o descruzamento de participações entre CSN
e Vale do Rio Doce, no final de
2000, o banco apostou suas fichas
na nova composição acionária da
CSN, controlada pelo grupo Vicunha, como ponto de partida de
criação de uma siderurgia de porte internacional com capital majoritariamente brasileiro.
Para dirigentes do banco, essa
estratégica fracassou com a CSN-Corus. A preocupação com a política industrial do país, porém, é
apenas pano de fundo no conjunto de dúvidas que afligem executivos do BNDES quanto ao negócio
CSN-Corus. Antes de mais nada,
o banco quer saber se tem ou não
direito a seu quinhão no negócio.
Pelos contratos assinados na
época do descruzamento, o
BNDES teria direito a até 70% do
lucro obtido pelo Vicunha na venda das ações da CSN, dependendo
do prazo em que isso ocorresse.
Há suspeitas no mercado de que a
anunciada fusão seria uma forma
de driblar a cláusula contratual.
O exame sobre a operação tratará também das garantias de empréstimos realizados pelo
BNDES, como a renegociação de
uma dívida de US$ 250 milhões.
O banco alongou o prazo de pagamento da Vicunha e uniformizou os custos da dívida. A garantia dada foi 12% do capital da
CSN, retirados das ações do bloco
de controle da siderúrgica.
Com o negócio CSN-Corus, o
BNDES quer saber se essas garantias ficaram enfraquecidas. Entenda-se: a CSN é uma empresa
ajustada, considerada uma das
mais eficientes do mercado de
aço, embora venha apresentando
sucessivos prejuízos (R$ 197,4 milhões no primeiro trimestre deste
ano), decorrentes, principalmente, do peso de carregar uma dívida
líquida que era de US$ 2,1 bilhões
em 31 de março deste ano.
Já a Corus é considerada problemática. Com 47 mil empregados,
é vista por analistas como uma
empresa inchada, que precisa se
ajustar. Em 2000 e 2001, acumulou prejuízos de US$ 2,2 bilhões.
O BNDES quer que os auditores
internacionais façam uma checagem completa nas contas da gigante anglo-holandesa antes de
dar aval para o negócio. Os técnicos do BNDES avaliam que todo
esse trabalho, incluindo o exame
dos documentos até agora assinados, vai demorar meses. Até lá, a
ordem dentro do banco é para
ninguém falar sobre o assunto.
A Vicunha Siderurgia tem
atualmente uma dívida de cerca
de R$ 1,2 bilhão com o BNDES,
Bradesco, BBA, Unibanco e Banco do Brasil Investimentos, referente a debêntures emitidas em
março de 2001. Antônio Ulrich,
diretor-executivo da CSN, afirma
que já foram iniciadas conversações com os bancos sobre o negócio com a Corus. "Afinal, a CSN e
Corus terão de trocar ações, e os
bancos precisam dar o aval."
Colaborou a Reportagem Local
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