|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Minoritários pensam em contestar negócio
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A transação entre a CSN e a Corus deixou extremamente desconfiados os acionistas minoritários da siderúrgica brasileira. O
presidente da CSN, Benjamin
Steinbruch, quer fazer crer que
houve uma fusão. O advogado
Renato Ochman, representante
daqueles investidores, considera
que "possivelmente houve venda
do controle da siderúrgica".
Ochman trabalha com a perspectiva de exigir que a CSN pague
aos acionistas minoritários 80%
do valor de venda da companhia
para a Corus. "Aguardamos o estatuto da transação para tomarmos uma decisão", diz Ochman.
Segundo o advogado, há indícios de que houve venda. "Pela lei
brasileira, um grupo passa a ter
controle de uma empresa quando
detém mais de 50% das ações."
Na futura companhia CSN-Corus, todos os acionistas da siderúrgica brasileira terão apenas
37,6% dos papéis da companhia.
Steinbruch tem afirmado que a
lei inglesa garante o controle de
uma empresa mesmo para quem
tiver menos de 50% da ações. Ele
diz que acertou esse controle com
a Corus. Ochman tem dúvidas. "A
CSN terá dois dirigentes no conselho de administração da nova
empresa, mas o controle deverá
ser dos acionistas da Corus."
Segundo o advogado, nem mesmo o direito a veto nas decisões,
que Steinbruch diz garantir que
terá, significaria que a CSN controlará a futura companhia.
Definir o negócio CSN-Corus
como fusão pode ser uma maneira que Steinbruch teria encontrado para não pagar aos acionistas
minoritários os 80% do valor da
transação ("tag along") de venda.
Ochman poderá contestar a história. "Esperamos ver os papéis referentes à criação da CSN-Corus
para definir quanto seria possivelmente o valor do negócio."
Para Wilson Cano, professor do
Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), o que ocorreu entre
as duas siderúrgicas foi a venda da
CSN para a Corus. "Fusão acontece quando duas empresas dividem em partes iguais uma nova
companhia. Não é o caso."
Para Cano, existe o risco de a
Corus se interessar apenas pelo
minério de ferro da CSN. O que
reduziria a produção de placas de
aço especiais no Brasil, diminuindo as exportações de produtos
com valor agregado.
O resultado seria ruim para a
balança comercial do país. Luciana Massaad, analista do banco
ING, também avalia a transação
como venda. Já Cristiana Viana,
do banco Espírito Santo, considera que houve uma fusão entre as
siderúrgicas, e que a CSN poderá
absorver novas tecnologias da
Corus.
Texto Anterior: Aço: BNDES vai auditar a transação CSN-Corus Próximo Texto: Empresas: Semp Toshiba é investigada pela CVM Índice
|