São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

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Minoritários pensam em contestar negócio

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A transação entre a CSN e a Corus deixou extremamente desconfiados os acionistas minoritários da siderúrgica brasileira. O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, quer fazer crer que houve uma fusão. O advogado Renato Ochman, representante daqueles investidores, considera que "possivelmente houve venda do controle da siderúrgica".
Ochman trabalha com a perspectiva de exigir que a CSN pague aos acionistas minoritários 80% do valor de venda da companhia para a Corus. "Aguardamos o estatuto da transação para tomarmos uma decisão", diz Ochman.
Segundo o advogado, há indícios de que houve venda. "Pela lei brasileira, um grupo passa a ter controle de uma empresa quando detém mais de 50% das ações." Na futura companhia CSN-Corus, todos os acionistas da siderúrgica brasileira terão apenas 37,6% dos papéis da companhia.
Steinbruch tem afirmado que a lei inglesa garante o controle de uma empresa mesmo para quem tiver menos de 50% da ações. Ele diz que acertou esse controle com a Corus. Ochman tem dúvidas. "A CSN terá dois dirigentes no conselho de administração da nova empresa, mas o controle deverá ser dos acionistas da Corus."
Segundo o advogado, nem mesmo o direito a veto nas decisões, que Steinbruch diz garantir que terá, significaria que a CSN controlará a futura companhia.
Definir o negócio CSN-Corus como fusão pode ser uma maneira que Steinbruch teria encontrado para não pagar aos acionistas minoritários os 80% do valor da transação ("tag along") de venda. Ochman poderá contestar a história. "Esperamos ver os papéis referentes à criação da CSN-Corus para definir quanto seria possivelmente o valor do negócio."
Para Wilson Cano, professor do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o que ocorreu entre as duas siderúrgicas foi a venda da CSN para a Corus. "Fusão acontece quando duas empresas dividem em partes iguais uma nova companhia. Não é o caso."
Para Cano, existe o risco de a Corus se interessar apenas pelo minério de ferro da CSN. O que reduziria a produção de placas de aço especiais no Brasil, diminuindo as exportações de produtos com valor agregado.
O resultado seria ruim para a balança comercial do país. Luciana Massaad, analista do banco ING, também avalia a transação como venda. Já Cristiana Viana, do banco Espírito Santo, considera que houve uma fusão entre as siderúrgicas, e que a CSN poderá absorver novas tecnologias da Corus.


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