|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cenário turbulento eleva a emissão de nota promissória
Neste ano, já foram captados com os títulos R$ 11,7 bi, o maior valor desde 1998
Título dá a oportunidade
de as empresas captarem recursos no mercado de capitais com taxa menor
e prazos menos longos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O atual cenário de incertezas,
abalado pela crise internacional, levou as empresas brasileiras a reavaliarem suas alternativas para captar recursos no
mercado de capitais. Na busca
por taxas menores e prazos menos longos, as companhias acabaram por reaquecer o segmento de notas promissórias.
Neste ano, o setor privado já
captou, por meio de 22 ofertas
de notas promissórias, o equivalente a R$ 11,74 bilhões, o
maior volume desde 98 -e isso
considerando o resultado fechado de cada ano. Em 2007,
houve 20 colocações, sendo levantados R$ 9,73 bilhões.
A nota promissória é um título que representa uma dívida
para a empresa que o emite, e
que vence em certo prazo. Para
o investidor que fica com a nota
promissória, a vantagem está
nos juros que recebe.
No segmento de renda fixa, a
principal forma de as companhias conseguirem recursos no
mercado de capitais nacional
são as debêntures. Mas esses títulos -que também pagam juros ao investidor que os adquire- têm sido lançados com taxas elevadas, além de costumarem ter prazos mais longos de
vencimento, que se arrastam
por alguns anos. E em períodos
mais críticos é preferível fazer
dívidas de curto prazo.
"A maioria das notas promissórias tem prazo de vencimento em torno de 180 dias. Além
disso, sua emissão é mais rápida e menos burocrática que a
de uma debênture, por exemplo", diz Luiz Fernando Resende, vice-presidente da Anbid.
Ou seja, diante das dificuldades atuais, muita empresa tem
achado mais vantajoso emitir
notas promissórias. Além do já
captado, outros R$ 3,6 bilhões
aguardam aprovação da CVM
para serem emitidos.
Levantamento da Anbid
mostra que as taxas cobradas
nas emissões de debêntures já
vinham subindo e apenas pioraram neste ano, com o agravamento da crise internacional e
a retomada de elevação da taxa
básica Selic. Em 2005, a taxa
média das debêntures ficou em
116,4% do DI (Depósito Interfinanceiro, título negociado entre os bancos). No primeiro semestre deste ano, essa média já
alcançava os 123,4% do DI.
Recentes colocações de notas
promissórias ilustram bem como esse segmento tem se mostrado mais atraente para as
companhias. A Bradespar, que
colocou R$ 1,4 bilhão em notas
promissórias no mercado no
começo deste mês, pagou taxa
de 106% do DI. A Votorantim
Finanças anunciou no fim de
junho operação semelhante:
foram R$ 700 milhões em notas promissórias com taxa de
105% do DI. Ambos os títulos
chegaram ao mercado com prazo de vencimento de 180 dias.
"A instabilidade atual torna
mais complicada as captações
de longo prazo para as empresas, o que faz muitas delas tentarem encontrar uma saída de
curto prazo", diz Jordão Resende, analista do Inepad.
Para financiarem seus projetos ou mesmo quitar dívidas
antigas, as empresas têm à disposição diferentes alternativas.
A mais comum e, muitas vezes,
mais dispendiosa, é o empréstimo bancário. Fora dos bancos,
as empresas encontram no
mercado de capitais uma possibilidade de captar recursos. Para isso, emitem ações, debêntures, notas e outros títulos.
Texto Anterior: Governo investiga 9 shoppings por cláusula de exclusividade em SP e RS Próximo Texto: Lançamento de ações em Bolsa recua com incertezas do mercado Índice
|