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Brasil dá mais retorno, diz fundo dos EUA
Títulos da dívida pública são mais rentáveis, afirma o responsável por emergentes do Legg Mason, que administra US$
Investidores do Japão
mostram ter um apetite
particularmente alto pelos
papéis brasileiros, segundo
o economista do fundo
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com quase US$ 1 trilhão em
recursos administrados no
mundo, o gigante americano
Legg Mason é um dos estrangeiros que mais apostam no
Brasil e muito antes de o país se
tornar grau de investimento.
Para o economista Keith
Gardner, responsável por mercados emergentes da Western
Asset/Legg Mason, o Brasil é o
país em desenvolvimento que
oferece o maior retorno financeiro para as aplicações em títulos da dívida pública, especialmente após o pico inflacionário que levou o BC a apertar
ainda mais a política de juros.
"O Brasil é o país em que
mais estamos expostos no
mundo. Mais do que qualquer
um da Ásia", disse. Para Gardner, investidores do Japão
mostram um apetite particularmente alto pelos papéis brasileiros. Leia a seguir os principais trechos da entrevista por
telefone à Folha.
FOLHA - O Brasil acerta em sua política de controle de preços?
KEITH GARDNER - A inflação
preocupa e não só no Brasil.
Mas o que vemos aqui é um
compromisso do Banco Central de que vai fazer tudo o que
for preciso para manter a estabilidade e controlar as expectativas dos agentes econômicos.
Há muita credibilidade em torno dessas políticas.
FOLHA - O grau de investimento alterou a visão que os investidores internacionais tinham do país?
GARDNER - Os investidores estrangeiros já tinham acordado
para a realidade do Brasil e para
o potencial de desenvolvimento de seu mercado consumidor.
Agora vai atrair também um
outro investidor, que talvez ficasse fora do país.
FOLHA - Mas a Western Asset sentiu aumento de interesse?
GARDNER - Nossos clientes não
nos pediram para investir diretamente em títulos da dívida
brasileira em moeda local. Como gestor de investimentos, a
Western Asset teve a determinação de que os títulos da dívida interna brasileira são um investimento muito atraente para um portfólio de renda fixa.
FOLHA - O quanto a crise internacional prejudicou o bom momento
do mercado brasileiro?
GARDNER - A crise diminui a liquidez e o apetite ao risco.
Quem perdeu dinheiro precisa
recompor seu caixa e vende o
que tem mais liquidez, inclusive no Brasil. Mas há um dinheiro que busca retorno com baixo
risco, e o Brasil tem isso. É o
país em que mais estamos expostos no mundo. Mais do que
qualquer um da Ásia.
FOLHA - De onde vem o dinheiro
estrangeiro interessado em investir
no Brasil? Os fundos soberanos teriam interesse em ativos brasileiros?
GARDNER - Vimos um particular interesse do Japão nos mercados emergentes de renda fixa, como o de títulos da dívida
interna brasileira. Os japoneses
estão sendo atraídos pelo retorno significantemente maior
das taxas de juros nos emergentes em comparação com aos
títulos de seu próprio mercado
de renda fixa. Acreditamos que
os fundos soberanos vão achar
os mercados emergentes de
renda fixa atraentes porque geralmente têm altas rentabilidades, além da melhora nos fundamentos de suas economias.
FOLHA - Uma desaceleração maior
no crescimento mundial, englobando a China, poderá derrubar os preços do petróleo?
GARDNER - Sim, um crescimento menor no mundo poderá ter
um efeito corretivo nos preços
do petróleo. Como a China aumentou dramaticamente seu
consumo de energia, ela também poderá acelerar esse processo. No entanto, apesar de
uma esperada desaceleração na
China, o país ainda deverá crescer em um nível altíssimo.
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