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OUTRO LADO
Administrações e bancos negam irregularidade em empréstimos
DA REPORTAGEM LOCAL
O discurso das prefeituras citadas e do Estado de Mato Grosso
do Sul é o mesmo: fazem essas
operações porque estão com a
corda no pescoço e precisam de
dinheiro para pagar os salários.
Alegam que não estariam descumprindo a lei porque não se endividam diretamente com os bancos. Outro argumento muito usado é que, se a operação fosse irregular, os bancos não a fariam.
"O Estado não é titular das operações. Quem pega o empréstimo
é o funcionário. (....) Acho que
não há irregularidade na operação, caso contrário o Banco do
Brasil, que é o banco oficial, não a
faria", diz Redel Furtado, auditor-geral de Mato Grosso do Sul, governado por Zeca do PT.
Os bancos alegam mais ou menos o oposto: não têm notícia de
que as operações são formas simuladas para os governos contraírem empréstimos.
"Contratamos uma operação de
crédito com o empregado do Estado, ele assina o contrato, ele tem
o limite. Quem está pagando o
empréstimo é ele", diz Fernando
Barbosa, diretor de varejo do
Banco do Brasil.
A instituição pública e o ABN
Amro -que, procurado pela Folha, não quis dar entrevista- fizeram convênio com o governo
de Mato Grosso do Sul em 2002.
"Se eu soubesse que o Estado estaria pagando, provavelmente esse empréstimo não seria feito,
porque eu teria de debitar na conta do Estado, o que não posso fazer", afirma Barbosa.
Oswaldo Marcolino Alves Filho,
diretor do Besc, diz o mesmo:
"Não vejo nada de anormal no
convênio que firmamos com Itapema e Laguna. O empréstimo
não foi para as prefeituras, foi para os funcionários".
Atualmente, o Besc processa as
prefeituras dos dois municípios
por causa da suspensão dos pagamentos dos convênios.
Procurado pela Folha, o Bradesco -que, com o BB, concedeu
empréstimos aos funcionários
públicos municipais de Cuiabá
em 2002- não quis conceder entrevistas. Por meio de sua assessoria, informou apenas que "realiza
contrato direto com os funcionários, ou seja, seu relacionamento
se estabelece com a pessoa física.
O banco desconhece a participação de terceiros na liquidação financeira dos contratos realizados
com a pessoa física beneficiária".
O problema é que os próprios
municípios -com exceção da
gestão anterior de Laguna- e
Mato Grosso do Sul não fazem segredos a respeito do objetivo dos
empréstimos: pagamento de salários atrasados.
Além disso, segundo a Folha
apurou, nesses casos os bancos
sempre fazem uma análise das
contas dos governos que tentam
provar que o valor das prestações
cabe em seu orçamento mensal.
Ponta Grossa
No caso de Ponta Grossa, o secretário das Finanças, Michel Jorge Samaha, disse à Agência Folha
que o atraso no pagamento dos
créditos aos bancos foi involuntário, provocado por equívoco no
repasse de verbas federais do Banco do Brasil à cidade. Segundo ele,
o problema foi sanado na semana
passada. (EF e MT)
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