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PLANO DE INCENTIVO
Governo quer estimular modernização da frota pesqueira, mas só pretende financiar barcos nacionais
Pesca deve ter crédito de R$ 2,3 bi até 2006
JAIRO MARQUES
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Um plano nacional de incentivo
à modernização da frota pesqueira do país vai oferecer linhas de
crédito que devem chegar aos
R$ 2,3 bilhões até 2006. A intenção é financiar a fabricação de 200
novas embarcações de médio e
grande portes e aumentar a captura da pesca oceânica de 51 mil
toneladas para 100 mil toneladas
por ano. O anúncio das metas será
feito, provavelmente já nesta semana, pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
O pacote, porém, sofre resistência de parte do setor naval, que
reivindica recursos para importar
da Europa embarcações que teriam preços mais competitivos e
com alta tecnologia, além de créditos para financiar a infra-estrutura portuária. Essas embarcações estão, em sua maioria, em
Portugal e na Espanha.
O programa prevê também,
além da construção, a conversão,
a recuperação e a modernização
dos cerca de 1.300 barcos que operam atualmente na pesca industrial brasileira, assim como dos
cerca de 27 mil barcos que fazem a
pesca artesanal numa das maiores
costas do mundo, com 8.500 km
de extensão.
"Todos os envolvidos no setor
de pesca no Brasil estão sendo beneficiados de uma forma ou de
outra. A organização do setor será
fundamental para que o projeto
dê resultados", declarou o ministro José Fritsch, da Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca.
Origem do dinheiro
O dinheiro sairá do Fundo da
Marinha Mercante e dos fundos
constitucionais do Nordeste e do
Norte, liberados pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). As linhas de crédito chegariam a 90%
do valor do projeto aprovado, nos
casos de construção de barcos industriais, e até 100% para barcos a
serem reparados. O prazo de pagamento pode ser estendido por
até 20 anos.
Não haverá incentivos fiscais
para quem quiser importar barcos estrangeiros ou "nacionalizar" navios que já operam na costa. Também não há previsão de
recursos para modernizações dos
18 estaleiros de médio e grande
portes, considerados obsoletos e
sucateados pelo próprio governo.
"Queremos gerar empregos,
viabilizar os estaleiros, trazer tecnologia para o país e montar uma
frota nacional. As importações de
barcos poderão ser feitas, mas
não serão alvos dos incentivos",
afirmou Fritsch.
Para a reestruturação dos estaleiros, o governo acredita na fórmula das "empresas mistas". Empresários navais do Brasil se associariam, como já estaria acontecendo, com empresas estrangeiras para captar recursos.
A expectativa é que o pacote de
incentivos gere 2.500 empregos
diretos e outros 7.500 indiretos. O
prazo para a formação da mão-de-obra estabelecido é de seis meses a um ano. Como contrapartida da iniciativa privada ao pacote,
espera-se a construção de 400 novos barcos e o reparo de outros
740, em três anos.
Arrendamento
A longo prazo, o governo quer
acabar com o sistema de arrendamento de barcos que hoje responde por grande parcela de participação na captura de pescado no
país, mas é alvo de denúncias de
corrupção e de atos predatórios.
"Enquanto não temos uma frota
nossa, teremos de continuar nos
submetendo ao processo de arrendamento. Mas nossa intenção
é acabar com isso", disse Fritsch.
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