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Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Para usineiros, regras podem inviabilizar leilão
Dificilmente o país viverá outro ano tão importante em leilões do setor de energia como
2008, dizem os especialistas. O
leilão de linhas de transmissão
que aconteceu anteontem,
quando 12 lotes foram vendidos com deságio de até 20,18%,
foi apenas mais um deles.
"As áreas leiloadas representam o maior desafio de engenharia de transmissão do Brasil
em muito tempo", afirma Roberto Brandão, pesquisador do
Gesel (Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica) da
UFRJ. "Há regiões ermas,
agrestes, de florestas densas,
onde nem sequer existem vilarejos. Será complicado levar
equipamentos e pessoas até as
áreas leiloadas. O investimento
é tremendo, e o risco, alto."
Segundo Maurício Tomalsquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas), o leilão foi simbólico porque, até então, havia uma região isolada no país do ponto de
vista energético. "Se as linhas
estivessem em operação, a economia em combustíveis seria
de R$ 2 bilhões ao ano", diz ele.
Ainda na área de transmissão, também serão leiloadas,
neste ano, as linhas do Madeira,
consideradas pelos especialistas as mais desafiadoras desde a
construção de Itaipu, em função das grandes distâncias dos
centros consumidores.
Outro leilão importante na
agenda da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)
acontecerá em 30 de julho e será voltado às usinas de biomassa de cana-de-açúcar. A energia
produzida por elas durante o
período da safra, de maio a novembro, será destinada à reserva e economizará águas dos reservatórios das hidrelétricas
durante a estiagem. Será o primeiro de biomassa e também o
primeiro para estoques.
Os usineiros, no entanto, têm
dito que as regras colocadas no
leilão são tão complexas que os
desmotivam a participar. Entre
outros problemas, apontam
que o custo da linha de transmissão até a rede básica será
paga por eles. Além disso, reclamam que a diferença de rentabilidade entre eles e as hidrelétricas pode inviabilizar o leilão.
Segundo Tomalsquim, desde
setembro a EPE tem se reunido
e atendido demandas dos usineiros. "Nenhum gerador tem
os benefícios que eles conseguiram", diz Tomalsquim.
Ele afirma que muitas usinas
precisam se modernizar para
tornarem-se geradoras de
energia e que os empresários
do setor querem que a geração
pague por todo o custo da reforma. "Não dá para o consumidor
de energia elétrica pagar pela
modernização da usina de álcool", afirma Tomalsquim. "É
preciso dividir o custo entre a
eletricidade e o álcool."
ASAS
José Márcio Camargo alça novos vôos; o economista está deixando a consultoria Tendências, depois de 12 anos, para ser economista-chefe da Opus Gestão de Recursos; na Tendências, Marcio Nakane, atualmente consultor, assumirá o cargo de economista-chefe, a partir de agosto
CLUBINHO
A corretora de valores mobiliários Spinelli dobrou o número de clubes de investimento administrados nos últimos
12 meses, quando passou a responder por quase 300 grupos
de investidores. A empresa atribui o resultado a um aumento no interesse de pessoas físicas em investimentos na Bolsa.
"Nesse período, as taxas de juros caíram e o retorno de outras aplicações foi prejudicado. Houve crescimento natural
dos clubes de investimento", afirma Manuel Lois, diretor da
corretora. De acordo com Lois, a estabilidade da economia
também contribuiu para que o número de clubes de investimentos administrados pela corretora tenha crescido no período.
CALCULADORA
O valor das ofertas públicas na área de auto-regulação da Anbid bateu recorde
no primeiro semestre. As 63
ofertas movimentaram R$
57,5 bilhões no período
-28% a mais que os R$ 45
bilhões das 69 ofertas no primeiro semestre de 2007.
Grande parte dessas ofertas
é de operações de renda fixa,
o que mostra inversão da
tendência de 2007, quando a
renda variável foi destaque.
NA FEIRA
Representantes do setor
de limpeza se reúnem na
Feira de Produtos e Serviços
para Higiene, Limpeza e
Conservação Ambiental, de
6 a 8 de agosto, em São Paulo. O setor de limpeza profissional deve movimentar R$
9 bilhões em 2008, segundo
previsão da Abralimp (Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional).
No ano passado, o setor movimentou R$ 8,4 bilhões.
Biocombustíveis de 2G e 3G
darão novo impulso ao álcool
O mercado de biocombustíveis na América Latina deve ganhar mais força graças a combustíveis de segunda e terceira
gerações (2G e 3G), diz análise
da consultoria Frost & Sullivan.
Os produtos de segunda geração têm produtividade estimada em 25% a 30% maior que a
da cana-de-açúcar tradicional,
por conta do uso de enzimas no
bagaço. Embrionários, os biocombustíveis de terceira geração são extraídos a partir de
materiais abundantes na natureza, como algas marinhas.
"O aumento de produtividade pode reduzir as críticas ao
uso do álcool, já que a produção
cresce com a mesma área plantada", diz Jorge De Rosa, analista da Frost. "Além disso, a segurança energética aumenta e
o Brasil se posiciona de maneira mais agressiva com relação
às exportações."
Empresários da construção civil estão otimistas com o governo
Cerca de 68% das indústrias
de material de construção estão otimistas em relação às futuras iniciativas do governo para o setor, segundo pesquisa da
Abramat (Associação Brasileira
da Indústria de Materiais de
Construção) feita neste mês.
Melvyn Fox, presidente da
Abramat, diz que a expectativa
com relação ao governo é positiva por conta de medidas que
beneficiaram o setor direta ou
indiretamente, como a diminuição da carga tributária para
itens de construção e a redução
dos juros, que estimularam os
financiamentos a moradias.
"As empresas vêem o aumento de juros [feito pelo BC] como
pontual e que indica um governo atento à inflação", diz Fox.
"Não é uma alta progressiva na
taxa de juros."
Em relação à expectativa sobre o desempenho do mercado
interno no mês de julho, 67%
das empresas de material de
base e 60% das de itens de acabamento estão otimistas.
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