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Maioria não sabe quanto da renda vai para impostos, diz pesquisa
DA REPORTAGEM LOCAL
Consulta realizada pela Ipsos
em maio deste ano com mil
consumidores no país mostra
que 83% deles não têm idéia de
quanto da renda vai para pagar
impostos, 86% avaliam que a
qualidade dos serviços do governo, como saúde e educação,
é inferior ao que se espera e
95% consideram que há desperdício de dinheiro público.
A percepção do consumidor
em relação à política tributária
do país colhida por meio de
uma pesquisa da Ipsos, a pedido da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), revela ainda que 39% dos consumidores apontam a corrupção como o principal motivo de desperdício de recursos
do governo. Outras razões citadas por eles para a destinação
errada de verbas foram o pagamento de altos salários (30%),
gastos desnecessários com prédios públicos (16%) e elevado
número de funcionários (12%).
Para Paulo Francini, diretor
do Depecon (Departamento de
Pesquisas Econômicas) da
Fiesp, a consulta realizada pela
Ipsos confirma a falta de transparência na política de cobrança de impostos do país e a necessidade de uma ampla reforma tributária.
"A percepção dominante do
consumidor é a de que ele paga
muito tributo e recebe pouco
retorno do Estado. A política
tributária do país é confusa,
não é transparente. É preciso
mudar isso", afirma Francini.
Para Clóvis Panzarini, consultor tributário, o que vale discutir não é se a carga tributária
é elevada ou baixa, mas se é justa ou injusta.
"Nos países nórdicos, a carga
tributária chega a representar
quase 50% do PIB [Produto Interno Bruto; no Brasil equivale
a 38%] e ninguém reclama, porque há retorno para a sociedade
por meio de serviços de saúde,
educação. Aqui isso não acontece. Além de pagarem elevados impostos, os consumidores
têm de pagar convênio médico
e escola particular. O problema
no Brasil é que o retorno para a
sociedade do que ela paga de
impostos não é proporcional",
diz Panzarini.
Feirão do imposto
Para mostrar ao consumidor
a carga tributária incidente nos
preços dos produtos, a ACSP
(Associação Comercial de São
Paulo), em parceria com outras
entidades, criou o Feirão do
Imposto. No site www.dcomercio.com.br, o consumidor pode ver a participação
dos impostos nos preços dos
produtos e a arrecadação dos
governos municipal, estadual e
federal.
No preço de um carro popular novo, por exemplo, o imposto equivale a 27,1% do total; da
lata de cerveja, tributos representam 56%, e da de refrigerante, 47%, de acordo com o
feirão. O telefone celular paga
41% de tributos, e o sabão em
pó, 42,27%. Do valor do tijolo,
36,6% são impostos, e, no caso
do saco de cimento, são 39,5%.
"O Brasil tem uma carga tributária de Primeiro Mundo
com serviços de Terceiro Mundo. O consumidor paga muito
imposto para ter um sistema
precário de saúde, educação e
segurança", afirma Emílio Alfieri, economista da associação
comercial.
Na pesquisa feita pela Ipsos,
os consumidores citam ações
que poderiam melhorar a qualidade dos serviços prestados
pelo governo, como demissão
de maus funcionários, vínculo
do salário à qualidade do serviço prestado e compartilhamento da gestão de recursos públicos com organizações não-governamentais.
(FÁTIMA FERNANDES)
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