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Internacionalizar é tendência, dizem analistas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A onda de investimentos de
empresas brasileiras no exterior, que atingiu US$ 8,579 bilhões no primeiro semestre
deste ano, é uma tendência que
veio para ficar, dizem economistas consultados pela Folha.
O pesquisador Alvaro Cyrino, da Fundação Dom Cabral,
disse que a internacionalização é uma mudança de cultura
das empresas brasileiras, que
deixaram de ser apenas exportadoras e passaram a investir
no exterior. "Com a estagnação
do mercado brasileiro na década de 90, elas precisaram buscar outros mercados."
A valorização do real tem
impulsionado esse processo,
disse o economista Leonardo
Miceli, da consultoria Tendências. Segundo ele, esse movimento se acelerou com a perda
de valor de mercado das empresas estrangeiras em razão
da crise financeira norte-americana, que gerou oportunidades de aquisição de ativos estrangeiros a preços menores.
Para Evaldo Alves, professor
da FGV (Fundação Getulio
Vargas), há uma reorganização
da economia mundial, que dará
mais força não apenas aos países emergentes mas também a
suas empresas.
O economista Antonio Corrêa de Lacerda diz que a internacionalização empresarial envolve a necessidade de sobrevivência no mercado e a busca
por vantagens competitivas.
Segundo ele, setores como siderurgia, petróleo e papel e celulose são tão competitivos
que, se a empresa não se expandir, será comprada por concorrentes. Para ele, esse é o caso da Gerdau e da Vale, líderes
no ranking de 2007 das empresas mais internacionais da
Fundação Dom Cabral.
Empresas de outros setores,
como o calçadista e o de alimentos, buscam acesso a novos
mercados consumidores, uma
nova base para exportações e
melhores condições tributárias
e de crédito ao instalar unidades no exterior, diz o economista-chefe do banco Fator,
José Francisco Gonçalves.
O líder de investimentos no
exterior no primeiro semestre
foi o setor financeiro. Para
Gonçalves, os bancos brasileiros estão capitalizados com os
aumentos do crédito e da taxa
básica de juros. "Eles precisam
se internacionalizar. Quem não
consegue operar no exterior
perde acesso."
(MARINA GAZZONI)
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