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Déficit externo atinge US$ 17 bi no 1º semestre
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Graças a um forte crescimento nas remessas de lucros e dividendos para o exterior, as
contas externas do Brasil tiveram um déficit de US$ 17,402
bilhões no primeiro semestre, o
maior já registrado pelas estatísticas do BC para o período.
Só em junho, o resultado foi negativo em US$ 2,596 bilhões, o
dobro do previsto pelo BC.
Os números se referem à
chamada conta de transações
correntes, que inclui todas as
negociações de bens e serviços
com outros países. O resultado
negativo do primeiro semestre
corresponde a 2,5% do PIB
-por esse critério, o déficit foi
o maior desde 2002.
O envio de lucros ao exterior,
item de grande peso nessa conta, cresceu 94% e chegou a US$
18,993 bilhões no primeiro semestre. Bancos, montadoras e
metalúrgicas responderam por
51,6% do total de remessas.
Para o economista Antônio
Corrêa de Lacerda, da PUC-SP,
o maior déficit já era esperado
por causa da queda do dólar,
que, entre outras coisas, impulsiona as importações, reduzindo o saldo da balança comercial. O surpreendente, diz, foi a
velocidade desse movimento,
pois, nos primeiros seis meses
de 2007, o saldo em transações
correntes havia ficado positivo
em US$ 2,413 bilhões.
Lacerda ressalta ainda que
boa parte do saldo positivo da
balança reflete os preços elevados de produtos básicos, que
têm grande peso na pauta de
exportações. "Há excessiva dependência em relação às commodities, que têm comportamento errático, muitas vezes
inflado por movimentos especulativos. Isso tem um preço,
que virá em algum momento."
Esse "preço", segundo Lacerda, pode vir na forma de uma
desvalorização do real no momento em que as cotações das
commodities reverterem a tendência de alta observada recentemente. O risco, nesse caso,
estaria na pressão que um dólar
em alta traria para a inflação.
Para Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet (Sociedade
Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica), o rápido crescimento do déficit em
transações correntes é um fator de risco para o futuro da
economia brasileira, mas ele
diz que fatores como a redução
da dívida externa ajudam a trazer mais tranqüilidade. "Não é
um déficit comparável ao que
se tinha anos atrás, porque está
menos sujeito a incertezas."
Lima ressalta que, atualmente, o envio de lucros para o exterior tomou o lugar que antes
era dos juros da dívida externa
como principal fonte de saída
de dólares do país. Para o economista, isso é positivo porque,
caso aconteça uma desaceleração mais forte da economia, o
lucro das empresas instaladas
no país também cairia e essas
remessas perderiam força.
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