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Eike promete indenização para salvar venda da MMX
Após oferta, Anglo American aceita selar negócio
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Para evitar o naufrágio do negócio com a Anglo American, o
empresário Eike Batista ofereceu pagar uma indenização do
próprio bolso para cobrir qualquer prejuízo eventual que a
mineradora anglo-sul-africana
tenha, em razão da investigação da Polícia Federal sobre as
atividades da MMX no Amapá.
Em janeiro deste ano, a Anglo American anunciou um
acordo para a aquisição de 51%
da MMX Minas-Rio -já controlava os 49% restantes- e
70% da MMX Amapá por US$
5,5 bilhões, mas a transação
não foi concluída até agora. O
negócio seria fechado no mês
passado, mas foi postergado depois que a Operação Toque de
Midas, da Polícia Federal,
apontou supostas irregularidades da MMX no processo de licitação de uma ferrovia no
Amapá.
Ontem, a MMX divulgou fato
relevante para comunicar o entendimento sobre a indenização e anunciar que o negócio
será fechado no dia 5 de agosto.
O valor da indenização, porém,
não foi revelado -dependerá
do resultado da investigação e
dos desdobramentos na Justiça. "Em relação ao processo de
investigação ora em andamento, Eike Batista ofereceu uma
indenização pessoal, que cobrirá qualquer prejuízo eventual
que possa vir a ser incorrido pela Anglo American como resultado da referida investigação",
diz o texto do fato relevante.
Conforme a Folha revelou, a
Anglo American havia condicionado a conclusão do negócio
aos desdobramentos da investigação. Em resposta à indagação da reportagem do jornal
sobre a possível desistência da
aquisição, a mineradora informou que iria "tomar suas decisões sobre as condições pendentes e seus respectivos direitos e obrigações previstos nos
contratos à medida que as informações sobre a investigação
ficassem disponíveis".
Depois de Batista propor a
indenização, a empresa aceitou
fechar o negócio. "Estou muito
satisfeita em constatar que estamos prontos para prosseguir
com a transação, em benefício
de todos", disse, em nota,
Cynthia Carrol, presidente da
Anglo American. A mina no
Amapá já está em fase inicial de
produção e conta com a ferrovia para escoar o minério, pelo
porto de Santana. Os projetos
em Minas Gerais ainda estão
em fase de desenvolvimento.
Para efetivar a transação, a
MMX foi cindida -Eike ficou
com os ativos em Mato Grosso
do Sul e os de logística (como o
porto do Açu, que escoará a
produção do sistema Minas-Rio), abrigados numa empresa
batizada de LLX. A parte negociada com a Anglo American
migrou para uma nova empresa, a IronX. Com a cisão, os
atuais acionistas receberam
ontem papéis da LLX e da
IronX. Depois, a Anglo American fará oferta pública de recompra das ações da IronX.
Dos US$ 5,5 bilhões da aquisição, Batista, que tem 62% da
MMX, receberá cerca de US$
3,4 bilhões. O restante será
destinado aos minoritários.
Na investigação da PF, foi levantada a suspeita de que o edital de licitação da ferrovia tivesse sido direcionado para favorecer a MMX, única a apresentar proposta. A empresa nega. Diz que a concorrência foi
julgada com um misto de menor tarifa, maior compromisso
de investimento e maior pagamento pela concessão. A MMX
informou que desembolsou R$
81,6 milhões na recuperação da
ferrovia, que era deficitária, e
pagou R$ 814 mil pela concessão, válida por 20 anos.
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