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Cooperativa separa
cem toneladas ao mês
DA REPORTAGEM LOCAL
Das ruas e dos albergues da cidade, eles passaram a comandar a
Cooperativa Central Tietê, responsável pela triagem de aproximadamente cem toneladas por
mês de materiais recicláveis.
O trabalho garante renda de R$
500 mensais para 40 cooperados,
que, diariamente, das 8h às 17h,
separam papéis, papelão, plástico,
ferro e alumínio coletados principalmente nos bairros da zona leste -como Mooca, Tatuapé e Belém- e de condomínios de Moema, zona sul da cidade.
Uma assistente social de São
Paulo mudou a vida do hoje presidente da cooperativa, Alessandro
dos Santos, 27. Ele veio para a cidade depois de ficar desempregado em sua terra natal, Governador Valadares (MG), onde trabalhou como ajudante de eletricista.
"Fui apresentado ao programa de
reciclagem por uma funcionária
do albergue onde morei no bairro
do Belém. Há um ano e quatro
meses trabalho e moro aqui [na
sede da cooperativa, na Mooca]."
A história dos Santos se misturam. No comando da tesouraria
da cooperativa, Milton dos Santos, 53, o "seu Milton", administra
um orçamento de R$ 26 mil mensais, resultado da venda dos materiais reciclados.
Consciência
"O lixo está ficando mais conhecido. Os empresários procuram
mais esses materiais, e a população está mais consciente", diz o
tesoureiro da Central Tietê, que
traz no currículo a experiência de
ter trabalhado como fiscal florestal e vigilante em instituições financeiras. "Minha renda aqui
melhorou. Como empregado,
meu salário subia R$ 20 a R$ 30
por ano. Como cooperado, pode
subir R$ 20 a R$ 30 por mês."
Joana D'Arc de Souza Geraldo,
43, trocou as ruas do Parque Novo
Mundo, onde trabalhava como
catadora de papel, pelo trabalho
de cooperada há cerca de um ano.
"Puxava de 300 a 800 quilos quando o carrinho estava abarrotado.
Vazio, ele pesava 158 quilos. Tinha rodas de caminhão."
Desde o tempo de carroceira
nas ruas da cidade, diz acompanhar o preço do dólar. "Sempre
acompanho pela televisão. Por
quê? Se o dólar cai, o preço do
nosso produto também cai", diz.
Lixo rico
Maria José Marques Ribeiro
Machado, 39, uma das primeiras
a integrar a cooperativa, notou
aumento no lixo coletado na cooperativa principalmente às quartas-feiras. "É que nesse dia os caminhões nos trazem o lixo coletado nos condomínios de Moema.
É um lixo rico. É mais limpo e tem
mais qualidade. O lixo de lá é uma
maravilha", afirma.
A qualidade do lixo é tão "boa"
que rende colares, anéis, relógios,
pulseiras, perfumes e até dólares.
Recentemente, um dos cooperados encontrou US$ 35 no lixo.
Maria José trabalha ao lado de
Joseli Dalva de Oliveira, 44, de Viviane Feliciano dos Santos, 20, e
de Silvaneide Leão Lemos, 21, na
separação de materiais plásticos.
"Notamos aumento na quantidade de material recebido desde
maio" diz Joseli, que, antes de entrar na cooperativa, trabalhou como babá, metalúrgica e acompanhante de idosos. "Fiquei desempregada por dois anos."
Viviane não recicla materiais
somente no dia-a-dia do trabalho.
"Levo o lixo da minha casa para
um ferro-velho", diz a cooperada.
Levada para a cooperativa pela
mãe, Silvaneide também trabalha
na separação de plásticos. "O trabalho aqui é muito importante
para o nosso orçamento. São dois
salários garantidos", diz.
(CR e FF)
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