|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grupo tenta atrair turista negro americano
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de empresários afro-brasileiros pretende aproveitar a
prosperidade de seus pares americanos para alavancar negócios
no Brasil.
A Anceabra (Associação Nacional de Empresários Afro-Brasileiros), que agrupa 860 afiliados,
tem dois projetos em andamento
com empresários negros americanos. Batizado de "Rota das Raízes Afrobrasileiras", o primeiro
programa, segundo João Bosco
Braga, presidente da entidade, é
destinado para o turismo étnico.
O objetivo é trazer 1 milhão de turistas negros americanos por ano
para visitar pontos turísticos com
forte influência da cultura negra,
como a Bahia. "Os negros americanos gastam US$ 54 bilhões por
ano em turismo e lazer. Temos
que aproveitar esse filão", argumenta Braga.
Um outro ponto é o de arregimentar investidores para obras de
infra-estrutura básica em áreas
carentes. Aproximadamente um
quarto dos afroamericanos ganha
mais de US$ 50 mil por ano. De
acordo com o censo americano
do ano 2000, havia 36,419 milhões
de negros nos Estados Unidos.
O mercado externo também está na mira da associação. Em Cabo Verde, os empresários brasileiros de ascendência africana não
pretendem apenas exportar. Eles
também planejam importar de lá
produtos tão variados como música e atum enlatado.
"Queremos colocar a música
cabo-verdiana no mercado fonográfico brasileiro. Ela é excelente
para trabalhar a relação entre nossos países", diz o presidente da
Anceabra.
Com um mercado com cerca de
500 mil consumidores, Cabo Verde também pode servir como
porta de entrada para o mercado
da África de língua portuguesa,
que inclui Angola, Guiné Bissau,
Moçambique e São Tomé.
Mercado interno
Outros empresários vêem na retomada da economia brasileira
uma oportunidade para expandirem suas atividades. Um exemplo
é a marca Coisa de Crioulo, criada
em 2001 pelas empresárias Edna
Madureira e Jussara Bel.
"Desenvolvemos uma linha de
camisetas e bolsas. O nosso foco é
a classe média negra baixa. Por isso, as nossas representantes de
vendas têm origem nas comunidades mais pobres", afirma Madureira. A empresa carioca tem
uma média de vendas de mil camisetas por mês. Até o mês passado, conta a empresária, eram vendidas 400 por mês. "Acredito que
a renda esteja melhorando, mas a
marca também está ficando mais
conhecida."
Analistas de mercado dizem,
porém, que os empresários afrodescendentes não devem também
perder de vista outros segmentos
sociais.
As criadoras da Coisa de Crioulo entenderam o recado. "Criamos a marca para os negros, mas
quase metade da nossa clientela
hoje é formada por brancos. Eles
também se identificam com os
produtos", diz Madureira.
A estratégia é bem definida pelo
empresário do ramo dos cosméticos étnicos Rui Nascimento: "Sei
que a maioria dos meus produtos
é para clientes negros, mas cabelo
não tem cor. Ainda mais em um
país mestiço como o Brasil".
Colaborou Marcos Fonseca,
free-lance para a Folha
Texto Anterior: Contingente de renda média e alta é incógnita Próximo Texto: Consumo: Spike Lee denuncia "gueto" nos Estados Unidos Índice
|