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Segmento ainda é ignorado no Brasil
DE LONDRES
"No mercado brasileiro, ainda
existe muita ignorância a respeito
do segmento financeiro islâmico
e de seu potencial." A frase é de
uma brasileira que entende do assunto: Angela Martins, diretora
do Departamento Internacional
do ABC Brasil, instituição de capital árabe que opera no país.
Segundo Angela -autora do livro "A Banca Islâmica", que acaba de ser lançado-, a tendência,
porém, é que aumente o interesse
sobre a sharia (lei islâmica), que
orienta os negócios islâmicos à
medida que têm crescido as trocas comerciais entre Brasil e os
países da Liga Árabe.
"O comércio do Brasil com os
22 países que fazem parte da Liga
Árabe, todos muçulmanos, tem
crescido fortemente nos últimos
anos, principalmente após a visita
do presidente Lula, no final do
ano passado. Em 2003, o Brasil exportou cerca de US$ 2,7 bilhões e,
neste ano, até agora, já passou de
US$ 3 bilhões, e parte desse fluxo
tem sido financiado por instituições financeiras islâmicas", afirma Angela, que foi a primeira
mulher a entrar em um banco na
Arábia Saudita, em 2002.
"Eu fui para uma reunião na
Arábia Saudita, mas as mulheres
são proibidas de entrar em bancos lá. Precisei de uma autorização especial. Fui a primeira mulher a conseguir isso. Não sei se
depois tiveram outras", diz ela.
Financiamento
Angela explica que, muitas vezes, instituições financeiras islâmicas sediadas nos países árabes
participam das transações com o
Brasil porque oferecem financiamento às empresas muçulmanas
importadoras dos produtos brasileiros. Para estar de acordo com a
sharia, o importador não pode
pegar dinheiro emprestado no
banco. Então, a instituição compra o produto do exportador e o
revende ao comprador.
De acordo com Angela, Londres
está na dianteira no desenvolvimento do mercado financeiro islâmico. No Brasil, segundo Angela, há empresas como Sadia e Perdigão que exportam para países
árabes e, portanto, possuem unidades que operam de acordo com
os mandamentos islâmicos e são
até supervisionadas por um fiscal.
Ela cita como exemplo o abate de
aves, que tem de ser precedido
por orações feitas pelo profissional que deve estar voltado para
Meca.
(EF)
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