São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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REUNIÃO ANUAL

Países ricos se comprometem a endurecer as exigências para fornecimento de crédito pelo FMI e pelo Bird

G-7 vai limitar ajuda a países emergentes

Associated Press
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidênte do BC da Argélia, Mohammed Laksaci, no FMI


LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Os países mais ricos do mundo querem colocar em prática a política defendida pelo governo de George W. Bush de evitar ao máximo grandes pacotes de ajuda financeira a países em crise, abandonada este ano no caso do Brasil.
"Está claro que as próprias políticas de um país determinam o destino de sua economia. Quando o líder de uma nação permite que se crie um custo insustentável da dívida, os cidadãos do país pagarão o preço da falha de liderança."
Com essa frase, o secretário do Tesouro dos EUA, Paul O"Neill, definiu ontem como será a atitude do Fundo Monetário Internacional e do G-7 (grupo das sete maiores economias do mundo) em relação a economias em crise financeira de agora em diante.
A declaração foi dada após reunião do G-7, na noite de sexta, na qual os países ricos se comprometeram a limitar o auxílio a economias emergentes. Megapacotes, como o que foi acordado com o Brasil no mês passado, pelo qual está prevista a liberação de US$ 30 bilhões -o maior da história do FMI-, não estão totalmente descartados, mas só serão liberados em casos excepcionais.
"Nós continuamos a trabalhar com o FMI na implementação de critérios e procedimentos para limitar os empréstimos a setores oficiais a níveis normais, exceto quando circunstâncias extraordinárias justificarem uma exceção", informou o grupo de ministros e presidentes de bancos centrais do G-7, em reunião realizada na sede do FMI na sexta-feira. O empréstimo colocado à disposição do Brasil corresponde a 600% do direito de saque do país no Fundo.
"A ausência de um processo previsível para solucionar crises exacerba a profundidade e a duração das dificuldades. Nós devemos explorar qualquer opção possível para melhorar o sistema existente para que as nações possam resolver suas crises de endividamento e retornar ao crescimento", acrescentou O"Neill.
O endurecimento ao tratamento dado aos países emergentes em crise é uma das iniciativas que o G-7 decidiu adotar para prevenir crises financeiras. Segundo O"Neill, o FMI e o Banco Mundial começarão a avaliar se os países-membros da Força Tarefa de Ação Financeira (Fatf, na sigla em inglês) cumpriram as recomendações de combate a crimes de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo.
"Eu espero ver todas essas instituições trabalhando juntas para prover as nações dos instrumentos técnicos necessários para salvaguardar seus sistemas financeiros formais e informais de contra abusos terroristas", disse O"Neill.


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