São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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Dólar dificulta administração da dívida

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Com a depreciação do real, fica mais difícil reduzir a proporção da dívida brasileira atrelada ao dólar. É o que afirmou ontem o subdiretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional), Lorenzo Perez.
"A composição da dívida em dólar precisa ser reduzida gradualmente. Mas, com a situação de volatilidade, é mais difícil fazer isso", disse ele, referindo-se ao fato de que, com o dólar a quase R$ 3,90, investidores ficam menos dispostos a se desfazerem de seus papéis cambiais. Cerca de metade da dívida pública brasileira é atrelada ao dólar.
Perez, no entanto, afirmou que a composição da dívida brasileira teve um "forte progresso" nos últimos dois meses, já que a equipe econômica decidiu não rolar a totalidade dos títulos que venceram no período, tendo optado por resgatar parte deles.
Numa entrevista concedida ontem, Perez e seu chefe imediato, o indiano Anoop Singh, disseram acreditar que a volatilidade dos mercados, verificada nas últimas semanas, já era esperada pelo FMI e acabará depois das eleições de outubro.
"Não deveríamos ficar muitos surpresos. Já esperávamos que os mercados financeiros no Brasil permanecessem voláteis até as incertezas da transição terminarem", disse Singh. "Mas esperamos ver um retorno rápido para uma condição mais normal, uma vez que a transição acabe."
Singh disse que o atual perfil da dívida brasileira reflete as dificuldades enfrentadas pelo Brasil depois da crise de janeiro de 1999 -que resultou na primeira maxidesvalorização do real.
"O governo tem tentado alongar o perfil e, ao fazer isso, obviamente, tem de pagar um preço. O ponto principal, agora, é que o objetivo do último programa fechado com o Brasil visa a sustentabilidade da dívida. Seu ponto mais importante é obter um superávit primário suficiente para colocar a dívida pública numa firme trajetória declinante." Singh trouxe para a entrevista o economista argentino do FMI Jorge Marquez-Ruarte, que deverá ser o principal interlocutor do FMI com o governo brasileiro em 2003.



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