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Dólar dificulta administração da dívida
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Com a depreciação do real, fica
mais difícil reduzir a proporção
da dívida brasileira atrelada ao
dólar. É o que afirmou ontem o
subdiretor do Departamento de
Hemisfério Ocidental do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Lorenzo Perez.
"A composição da dívida em
dólar precisa ser reduzida gradualmente. Mas, com a situação
de volatilidade, é mais difícil fazer
isso", disse ele, referindo-se ao fato de que, com o dólar a quase R$
3,90, investidores ficam menos
dispostos a se desfazerem de seus
papéis cambiais. Cerca de metade
da dívida pública brasileira é atrelada ao dólar.
Perez, no entanto, afirmou que
a composição da dívida brasileira
teve um "forte progresso" nos últimos dois meses, já que a equipe
econômica decidiu não rolar a totalidade dos títulos que venceram
no período, tendo optado por resgatar parte deles.
Numa entrevista concedida ontem, Perez e seu chefe imediato, o
indiano Anoop Singh, disseram
acreditar que a volatilidade dos
mercados, verificada nas últimas
semanas, já era esperada pelo FMI
e acabará depois das eleições de
outubro.
"Não deveríamos ficar muitos
surpresos. Já esperávamos que os
mercados financeiros no Brasil
permanecessem voláteis até as incertezas da transição terminarem", disse Singh. "Mas esperamos ver um retorno rápido para
uma condição mais normal, uma
vez que a transição acabe."
Singh disse que o atual perfil da
dívida brasileira reflete as dificuldades enfrentadas pelo Brasil depois da crise de janeiro de 1999
-que resultou na primeira maxidesvalorização do real.
"O governo tem tentado alongar o perfil e, ao fazer isso, obviamente, tem de pagar um preço. O
ponto principal, agora, é que o
objetivo do último programa fechado com o Brasil visa a sustentabilidade da dívida. Seu ponto
mais importante é obter um superávit primário suficiente para colocar a dívida pública numa firme
trajetória declinante." Singh trouxe para a entrevista o economista
argentino do FMI Jorge Marquez-Ruarte, que deverá ser o principal
interlocutor do FMI com o governo brasileiro em 2003.
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