São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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União Européia deve adiar meta de déficit zero, com apoio de FMI e EUA

DA REDAÇÃO

O Grupo dos Sete (G-7) e o Fundo Monetário Internacional deram ontem apoio a uma proposta da Comissão Européia de postergar até 2006 o cumprimento da exigência de equilíbrio fiscal na União Européia (UE). A princípio, o calendário previa a zeragem dos déficits públicos de cada país da UE até o final de 2003.
A proposta é defendida em especial por Alemanha, França (as duas maiores economias da UE e os líderes políticos do bloco) e Itália, que têm encontrado dificuldades de equilibrar receitas e despesas públicas -ou têm preferido não cortar gastos do governo a fim de não tornar ainda mais lento o ritmo de suas economias. O apoio do G-7 significa na prática o interesse dos Estados Unidos no plano (o G-7 é composto de EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá). Segundo críticos, o adiamento das metas pode comprometer a credibilidade do euro.
Apesar do novo calendário proposto, é possível que os déficits continuem. Previsão do FMI divulgada nesta semana indica que a Itália pode não alcançar o equilíbrio fiscal mesmo em 2007.
A França, por sua vez, tem sofrido pesadas críticas da Comissão Européia (o Executivo europeu) devido ao descumprimento de metas fiscais, críticas que se tornaram ainda mais fortes depois que o governo conservador francês anunciou que não haverá melhorias em suas contas públicas em 2003 e que prevê um déficit público entre 0,5% a 1% do PIB em 2006.
O comissário europeu para Assuntos Monetários, Pedro Solbes, disse que o governo francês se permitiu um déficit "perigosamente" próximo de 3% do PIB. Esse foi o nível limite de déficit imposto aos países europeus que desejaram fazer parte da união monetária do bloco, acordado no Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE.
Na Alemanha, o debate sobre o equilíbrio fiscal pode detonar uma crise no governo do recém-reeleito premiê Gerhard Schröder. O ministro das Finanças da Alemanha, Hans Eichel, pode deixar cargo caso o novo governo da coalizão social-democrata/verdes não adotar medidas duras para controlar os gastos públicos.
Segundo a revista alemã "Der Spiegel", a queda na arrecadação de impostos e o aumento de gastos com seguro-desemprego e outros benefícios sociais, ambos devidos a um crescimento econômico menor que o esperado, devem fazer com que o déficit fiscal alemão esteja por ora em 3,4% do PIB este ano. A déficit projetado, divulgado na semana passada, era de 2,9% do PIB.


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