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RECESSÃO
Recaída dos EUA ganha contornos de catástrofe
DE NOVA YORK
A bolsa de apostas sobre a recessão americana é especialmente
mórbida porque uma recaída do
país, neste momento, poderia ter
consequências desastrosas.
Primeiro porque os EUA, produtores de um terço da riqueza do
mundo, têm hoje o papel de locomotiva do planeta reforçado pelo
fato de que Japão e Europa não
têm conseguido engatar adequadamente suas economias.
Só que o país não está muito
equipado para combatê-la, o que
aumenta a sombra sobre o crescimento global neste ano.
O governo americano, que já
deveria ter em 2003 déficit recorde (estimado inicialmente em
mais de US$ 300 bilhões), ainda
teve que pedir mais verba ao Congresso na semana passada para
pagar sua nova dívida, a da guerra. E não deverá ter mais dinheiro
dos contribuintes para tapar o
rombo, até porque já anunciou
um plano de cortes nos impostos.
O principal instrumento da política monetária, a taxa de juros,
está gasto como havia tempos não
se via -hoje é de 1,25% ao ano, a
mais baixa desde 1961. Para o Fed,
o banco central americano, sobrou o desafio de não cair na armadilha que engoliu o Japão: baixar os juros até deixá-los negativos sem ver a economia crescer.
Mas é no ponto que mais diretamente afeta a população que uma
recessão neste momento poderia
se transformar em catástrofe para
economia americana.
O desemprego, em 5,8% da força de trabalho, é mais alto que o
existente no início das recessões
dos últimos 20 anos.
O índice, aliás, deve subir neste
ano mesmo que o cenário melhore. "Não há muita dúvida de que é
preciso crescer entre 3% e 3,5%
para manter o nível de emprego",
diz Victor Zarnowitz, professor e
membro do Conference Board,
um número que, ele ressalta, não
deverá se concretizar.
Recair em recessão pouco tempo após sair de outra, mostra a
história, pode significar uma crise
maior que na primeira vez. Isso
aconteceu na virada de 1981 para
1982, a última vez em que os EUA
registraram o "double dip", como
é chamado esse tipo de situação
-pela análise tradicional, recessão é ter dois trimestres seguidos
de queda no PIB, embora alguns
economistas usem uma cesta de
indicadores. (RD)
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