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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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Bolsa eletrônica negocia "data" da queda de Saddam

DA REPORTAGEM LOCAL

Investidores que logo depois do início da guerra chegaram a apostar que Saddam Hussein cairia antes do fim de março se tornam cada vez mais pessimistas. É o que mostram os movimentos de contratos futuros da Bolsa eletrônica www.tradesports.com, criados para que o mercado tente lucrar apostando no tempo de permanência do ditador iraquiano no poder.
Os negócios com esses contratos, apelidados de "Saddam securities" por economistas de Harvard e Stanford que fizeram estudo sobre o assunto, mostram que o mercado atingiu seu pico de otimismo no dia 22 de março.
Naquele dia, conforme as tropas da coalizão anglo-americana avançavam sobre o Iraque, as apostas de investidores apontavam uma probabilidade de 80% de que Saddam sairia até o fim desse mês. Na última sexta-feira, esse percentual havia despencado para 5%.
Depois dos reveses enfrentados pela coalizão, até a expectativa de que Saddam cairá nos próximos três meses tem enfraquecido, embora ainda permaneça alta.

Contratos
São quatro os contratos que apostam no futuro de Saddam criados pelo site irlandês www.tradesports.com, que funciona como um mercado futuro de derivativos eletrônico.
Quem comprou o contrato de março, por exemplo, apostava que o ditador iraquiano já teria caído até o fim deste mês. Quem vende acredita que não. A mesma lógica vale para os outros meses disponíveis: abril, maio e junho.
Esses contratos foram lançados em 24 de setembro do ano passado. Desde então, segundo John Delaney, presidente da Tradesports, cerca de 3.000 investidores de mais de 30 países (incluindo o Iraque) e de praças financeiras importantes como Wall Street e a City londrina já movimentaram US$ 1,5 milhão em negócios de compra e venda das "Saddam securities".
Para negociar esses contratos, o investidor deve pagar uma comissão de 0,4% ao site, que dá US$ 10 para cada contrato "vencedor".

Otimismo em queda
Logo depois do início da guerra, no dia 20 de março, todos os negócios mostravam um alto consenso acerca da queda de Saddam. Os contratos de maio e junho chegaram a indicar probabilidade de 97% de que o ditador iraquiano já tivesse saído até o fim daqueles meses.
Agora, até os contratos mais distantes, os de junho, embutem apostas menos animadoras em relação ao fim da guerra -que, segundo o governo norte-americano, só ocorrerá quando o regime de Saddam cair.

Incertezas
O percentual de apostas na saída de Saddam até o fim de junho havia caído para 86% na última sexta-feira. No caso dos contratos de abril, a queda foi ainda maior: de 94%, no dia 22 de março, para 60% anteontem.
"As expectativas de que Saddam saia em abril são altas. Mas, sem dúvida, já houve mais otimismo. Com o aumento da resistência iraquiana, cresceram as incertezas", diz Delaney.
(ÉRICA FRAGA)


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