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Governo adia o leilão de hidrelétrica em Rondônia
Ministério quer estimular mais concorrência para a venda da usina de Jirau
Entrega dos documentos de inscrição fica para o dia 12,
e leilão é remarcado para uma semana depois; obra consta da agenda do PAC
HUMBERTO MEDIDA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para evitar que a hidrelétrica
de Jirau, no rio Madeira (RO),
fosse arrematada com pouca
concorrência, o governo adiou
o leilão do empreendimento.
Ontem, vencia o prazo para que
os interessados entregassem os
documentos de inscrição. Esse
prazo ficou para o próximo dia
12. A data do leilão, marcada
para o dia 12, foi adiada agora
para 19 de maio.
A usina, com potência de
3.300 MW (megawatts), é uma
obra de R$ 8,7 bilhões e está
prevista no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento). O
leilão já havia sido adiado do
dia 9 para o dia 12 por causa de
atrasos na aprovação do edital
pelo TCU (Tribunal de Contas
da União).
O governo vai tentar viabilizar a participação de mais grupos privados, em associação
com outras estatais do setor
elétrico. O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse que
dois consórcios estão interessados na obra: Odebrecht/Furnas e Suez/Camargo Corrêa
com duas estatais federais
(Chesf e Eletrosul).
A Folha apurou que o adiamento foi pedido pelas subsidiárias da Eletrobrás -Chesf,
Eletronorte e Eletrosul, empresas controladas pela Eletrobrás que articulam a formação
de outros consórcios. Segundo
uma fonte próxima às negociações, o novo prazo foi pedido
para assegurar a "composição
adequada para a disputa".
O governo havia autorizado a
participação das estatais federais no leilão dos empreendimentos no rio Madeira. Furnas
Centrais Elétricas já integrava
o consórcio liderado pelo Grupo Odebrecht. Em dezembro
do ano passado, o consórcio
Furnas/Odebrecht ganhou a
disputa pela hidrelétrica de
Santo Antônio (3.150 MW), a
primeira do complexo do Madeira. Na ocasião, o lance vencedor da disputa foi R$ 78,90
por MWh (megawatt-hora), o
que representou deságio de
35,3% ao preço teto.
Nos leilões de hidrelétricas,
vence a disputa quem oferece a
tarifa menor pela energia que
será gerada, respeitado o limite
definido pelo governo. Depois
de negociações com o TCU, o
governo acabou fixando em R$
91 por MWh (megawatt-hora)
o preço máximo da energia da
hidrelétrica de Jirau para venda no mercado regulado.
Caso o leilão tenha apenas
uma empresa inscrita, o preço
teto acaba se tornando o valor
pelo qual a energia será efetivamente vendida. Nesse caso, o
preço da energia da hidrelétrica de Jirau ficará 16,6% maior
que o da usina de Santo Antônio. De acordo com o governo,
Jirau é um empreendimento
menos interessante economicamente: apesar de ter uma potência maior, pode vender menor energia ao mercado.
Pelo cronograma do governo, a hidrelétrica de Santo Antônio começa a gerar energia
no final de 2012 e atinge sua
potência máxima em 2016. No
caso de Jirau, o início da produção está previsto para janeiro de 2013, e a capacidade máxima seria atingida em outubro
de 2016. As duas obras ainda
precisam de licença de instalação do Ibama para começar.
Precaução
O governo adota todos os cuidados para obter no leilão de Jirau o mesmo êxito alcançado
no leilão da Usina de Santo Antonio. Além de assegurar a concorrência, o governo tomou
cuidados no campo jurídico.
Montou uma banca com 50 advogados de todas as regiões do
país para derrubar em pouco
tempo qualquer liminar que
suspender o leilão de Jirau: 20
advogados e procuradores da
AGU (Advocacia Geral da
União) participaram de treinamento na sede da Aneel na semana passada.
No mesmo dia em que o governo determinou o adiamento
do leilão, a Caixa Econômica
Federal anunciou que o FI-FGTS (Fundo de Investimento
do FGTS) poderá participar como investidor ou financiador
da obra. O orçamento total do
fundo é de R$ 5 bilhões, mas
poderá chegar a R$ 18 bilhões.
"Vamos entrar de forma diferente, para não interferir no
leilão. Fizemos a mesma proposta a todos os consórcios interessados", disse Bolivar Tarragó, vice-presidente de Ativos
de Terceiros da Caixa.
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