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POLÍTICA MONETÁRIA
Banco Central diz que, caso cenário atual não mude, considera desistir do centro da meta de inflação de 2004
Dólar e petróleo podem mudar rumo do BC
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central vai mirar num
ponto acima do centro da meta de
inflação deste ano, mas dentro da
margem de tolerância, se constatar que o choque sobre os preços
provocado pela alta do dólar e do
petróleo for permanente.
Em entrevista à Folha, o diretor
de Política Monetária do BC, Luiz
Augusto Candiota, disse que isso
não será "um problema".
"Não é, porque, se ficar caracterizado como um choque de ofertas permanente, o sistema de metas é para absorver isso", afirmou.
Na ata do Copom (Comitê de
Política Monetária) deste mês, divulgada na semana passada, o BC
informou que, num cenário de juros a 16% ao ano e dólar a R$ 3,10,
a inflação ficaria "ligeiramente"
acima do centro da meta para
2004, de 5,5%, com banda de flutuação de 2,5 pontos percentuais
para baixo ou para cima.
Muitos analistas interpretaram
o dado como um sinal de que o
Banco Central teria desistido de
perseguir o centro da meta. Candiota negou que o BC tenha abandonado o alvo de 5,5%. Disse que
tanto o preço do dólar quanto o
do petróleo podem recuar.
Anteontem, o dólar fechou cotado a R$ 3,090. Já o valor do barril de petróleo foi cotado a US$
39,88 em Nova York. No início do
ano, a moeda americana estava na
casa dos R$ 2,90, enquanto o petróleo valia cerca de US$ 32,00.
Candiota admitiu que, se permanecerem elevados, a ponto de
começar a propagar aumentos de
preços ao longo da cadeia econômica, o BC utilizará a margem de
tolerância para "acomodar" esse
choque de oferta -reajustes iniciais de preços que não são gerados por aumento de consumo.
Candiota disse que o BC voltará
a comprar dólar quando avaliar
que a turbulência se dissipou e
que o mercado voltou a operar
numa situação de estabilidade.
O BC interrompeu a compra de
dólares em fevereiro, quando as
oscilações no mercado se intensificaram. Segundo o diretor, o BC
já dispõe de reservas líquidas
(descontados os empréstimos do
Fundo Monetário Internacional)
acima do valor projetado pela
equipe econômica quando o governo começou a pensar em não
renovar o acordo com o FMI, que
termina neste ano.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e o presidente do
BC, Henrique Meirelles, têm dito
que o acordo não será renovado.
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