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TERRA DE ENDIVIDADOS
Empresas tentam atrair comerciantes que buscam informações para vender sem risco de calote
Cresce disputa no setor de proteção ao crédito
DA REPORTAGEM LOCAL
A expectativa de retomada na
atividade econômica vai afetar diretamente as maiores empresas
de gestão de crédito no país. Com
isso, a já acirrada e velada disputa
entre os três grupos que exploram
esse mercado da inadimplência
no país deve se acentuar.
Contratadas para levantar dados sobre a situação financeira de
qualquer companhia no país, essas empresas ganham para proteger o negócio alheio. Elas conseguem informações para, por
exemplo, ajudar uma empresa a
decidir se um eventual parceiro
ou fornecedor pode ou não dar
um calote ou quebrar.
A questão é que a concorrência
entre elas ganha fôlego com a expectativa de uma retomada na atividade econômica. É nessa hora
que os negócios crescem e as consultas de clientes aumentam.
Por conta disso, Equifax Brasil,
Serasa e o sistema RIPC (Rede de
Informações e Proteção ao Crédito) foram à caça do cliente do vizinho, montaram departamentos
com centenas de pessoas só para
vender o seu produto a quem quiser comprá-lo e até passaram a
oferecer pacotes promocionais
para ganhar mais usuários.
"A concorrência é muito forte.
Estamos criando novos produtos
na tentativa de atrair mais clientes", diz Paulo Melo, presidente
da Equifax Brasil, empresa norte-americana com 25 mil clientes.
"Temos ações para convencer o
cliente do nosso concorrente a vir
para o nosso lado. Damos desconto nos pacotes, negociamos o
que é possível", afirma Agostinho
Sacramento, gerente da unidade
jurídica da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). A entidade
usa o sistema RIPC, utilizado pela
maioria das associações comerciais do país.
Na prática, o funcionamento e o
serviço prestado por essas empresas são simples. Elas coletam dados em diferentes fontes: cartórios, varas cíveis, entidades comerciais e bancos, entre outros, e
montam diferentes análises a respeito de várias empresas. Cruzam
números e fornecem relatórios a
preços variados. Por exemplo: a
consulta mais simples ao sistema
RIPC custa R$ 1. O pacote completo custa R$ 18. Mas o valor pode cair.
Basta ser um cliente assíduo
-que usa com freqüência o sistema. Os serviços variam da simples confirmação do endereço de
um fornecedor ou possível sócio a
um estudo completo da saúde financeira de uma empresa.
Pontos e descontos
A Serasa, por exemplo, tem um
sistema que calcula a probabilidade de uma empresa consultada
apresentar ocorrências "negativas" em um horizonte de seis meses. O mesmo sistema define a
pontuação do risco de inadimplência, em uma escala de um a
mil (quanto maior, menor o risco
de calote). Outro serviço ajuda o
cliente que quer fechar um negócio com um fornecedor: o sistema
consegue dar um limite de crédito
sugerido para o negócio. Para evitar calotes.
Com 160 pessoas trabalhando
na área de vendas, Melo diz que a
Equifax cresceu, em média, 10%
ao ano "ao longo dos últimos
anos". Já a ACSP, que há quatro
anos tinha 120 mil empresas cadastradas, hoje afirma ter 180 mil.
Pelas contas dessas companhias, cerca de 400 empresas de
gestão de crédito atuam no país.
Muitas são regionais, atendem
segmentos específicos e utilizam
informações da base de dados das
empresas líderes.
"O ponto fraco desse mercado é
que, quando está tudo mal, as lojas vendem menos, as empresas
fecham menos negócios e nem
têm motivos para usar com tanta
freqüência a nossa base de dados", explica Sacramento.
Há entidades do setor de varejo
que acreditam no oposto: se há dificuldade para fazer bons negócios, qualquer passo errado da
empresa pode piorar a situação.
Portanto o ideal é levantar todos
os dados possíveis para se proteger de calotes. De qualquer forma,
o volume de operações e de consultas aos dados tende a ser menor em momentos de atividade
econômica retraída.
(ADRIANA MATTOS)
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