São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006

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Governo avalia que ação barrou turbulência

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo avalia que, ao recomprar os títulos públicos de investidores estrangeiros que queriam deixar o país na semana passada, conseguiu inverter uma das principais fontes que alimentaram a turbulência no mercado de câmbio na última semana.
A partir de agora, argumentou um integrante da equipe econômica à Folha, o país está em melhores condições para superar contratempos externos, e "o aspecto pontual que diferenciou o Brasil das demais economias" nos últimos dias foi resolvido.
Na esteira das incertezas em relação à trajetória dos juros nos EUA por causa de pressões na inflação daquele país, a cotação do dólar no mercado brasileiro, que estava próxima a R$ 2, chegou a R$ 2,40, na última semana.
Aliados à queda na Bolsa de Valores e à alta nos mercados de juros, esses fatores deixaram o Brasil como o "patinho feio" entre as economias emergentes. Segundo a Folha apurou, a avaliação da equipe econômica, após atuação do Tesouro Nacional, foi que esses movimentos estavam mais relacionados à dificuldade de alguns investidores se desfazerem de papéis brasileiros do que aos indicadores econômicos do país.
Atraídos pela isenção do Imposto de Renda (IR), investidores estrangeiros passaram a comprar títulos do governo federal de prazo mais longo e corrigidos pela inflação. Diante da possibilidade de uma alta mais forte dos juros americanos, eles reavaliaram suas aplicações, mas não conseguiam vender a terceiros os papéis de longo prazo corrigidos pelo IPCA.
Por isso, segundo diagnóstico do governo, eles passaram a se proteger em outros mercados como o de câmbio, pressionando a cotação e criando um clima de pânico geral. Depois que o Tesouro garantiu a recompra dos títulos, o câmbio recuou.
Agora a expectativa é que a cotação da moeda estrangeira se acomode num novo patamar. Qual será esse nível, ainda não está claro, conforme argumenta um técnico do governo. Principalmente porque não há uma definição sobre até onde irá o aperto nos juros dos EUA.
A reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) entre hoje e amanhã deverá refletir essa insegurança com uma desaceleração no ritmo de corte dos juros. A ata da última reunião do comitê já havia sinalizado maior cautela por parte dos diretores do Banco Central.
Nos últimos dias, as declarações públicas do presidente do BC, Henrique Meirelles, de que apesar dos avanços obtidos o governo não poderia relaxar, reforçaram essa expectativa.
Por isso é que analistas do mercado financeiro reduziram a expectativa em relação à queda da meta para os juros básicos a ser anunciada amanhã -esperavam 0,75 ponto percentual, agora projetam corte mais tímido, de no máximo 0,5 ponto percentual.


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