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Governo avalia que ação barrou turbulência
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo avalia que, ao recomprar os títulos públicos de
investidores estrangeiros que
queriam deixar o país na semana passada, conseguiu inverter
uma das principais fontes que
alimentaram a turbulência no
mercado de câmbio na última
semana.
A partir de agora, argumentou um integrante da equipe
econômica à Folha, o país está
em melhores condições para
superar contratempos externos, e "o aspecto pontual que
diferenciou o Brasil das demais
economias" nos últimos dias
foi resolvido.
Na esteira das incertezas em
relação à trajetória dos juros
nos EUA por causa de pressões
na inflação daquele país, a cotação do dólar no mercado brasileiro, que estava próxima a R$
2, chegou a R$ 2,40, na última
semana.
Aliados à queda na Bolsa de
Valores e à alta nos mercados
de juros, esses fatores deixaram o Brasil como o "patinho
feio" entre as economias emergentes. Segundo a Folha apurou, a avaliação da equipe econômica, após atuação do Tesouro Nacional, foi que esses
movimentos estavam mais relacionados à dificuldade de alguns investidores se desfazerem de papéis brasileiros do
que aos indicadores econômicos do país.
Atraídos pela isenção do Imposto de Renda (IR), investidores estrangeiros passaram a
comprar títulos do governo federal de prazo mais longo e
corrigidos pela inflação. Diante
da possibilidade de uma alta
mais forte dos juros americanos, eles reavaliaram suas aplicações, mas não conseguiam
vender a terceiros os papéis de
longo prazo corrigidos pelo
IPCA.
Por isso, segundo diagnóstico do governo, eles passaram a
se proteger em outros mercados como o de câmbio, pressionando a cotação e criando um
clima de pânico geral. Depois
que o Tesouro garantiu a recompra dos títulos, o câmbio
recuou.
Agora a expectativa é que a
cotação da moeda estrangeira
se acomode num novo patamar. Qual será esse nível, ainda
não está claro, conforme argumenta um técnico do governo.
Principalmente porque não há
uma definição sobre até onde
irá o aperto nos juros dos EUA.
A reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do
Banco Central) entre hoje e
amanhã deverá refletir essa insegurança com uma desaceleração no ritmo de corte dos juros. A ata da última reunião do
comitê já havia sinalizado
maior cautela por parte dos diretores do Banco Central.
Nos últimos dias, as declarações públicas do presidente do
BC, Henrique Meirelles, de que
apesar dos avanços obtidos o
governo não poderia relaxar,
reforçaram essa expectativa.
Por isso é que analistas do
mercado financeiro reduziram
a expectativa em relação à queda da meta para os juros básicos a ser anunciada amanhã
-esperavam 0,75 ponto percentual, agora projetam corte
mais tímido, de no máximo 0,5
ponto percentual.
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