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Fusões recuam um terço com fim de boom
Aperto no crédito internacional limitou o financiamento para grandes aquisições no setor corporativo no início do ano
Bancos de investimento têm queda de 27% nas receitas com operações de fusões e aquisições, mas já vêem possível reversão do quadro
JULIE MACINTOSH
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
Os valores movimentados
por fusões e aquisições recuaram em quase um terço no primeiro semestre deste ano em
relação ao mesmo período de
2007, descendo a US$ 1,86 trilhão, com o colapso do que era
visto como um boom de operações de tomada de controle
acionário e que levou a uma
queda particularmente acentuada nas grandes transações.
Apesar do recuo no volume
financeiro movimentado, o número bruto de transações
anunciadas no primeiro semestre deste ano superou o total do
primeiro semestre de 2007, de
acordo com números preliminares da consultoria Dealogic.
Apenas as cinco maiores transações anunciadas nos seis meses iniciais do ano responderam por 15% do valor total de
operações. Por outro lado, o total de negócios com valores superiores a US$ 1 bilhão teve
uma forte queda no período.
O volume de transações envolvendo empresas ou fundos
de private equity (participações em empresas) caiu 78% e
respondeu por apenas 6% do
movimento mundial de fusões
e aquisições, a participação
mais baixa para esse segmento
desde 2001.
A retração do crédito continua impossibilitando os financiamentos de altos valores para
a compra de grandes empresas.
Por outro lado, as aquisições
feitas diretamente pelo caixa
do setor corporativo não conseguiram compensar essa lacuna,
apesar de terem ganhado alguma agressividade no segundo
trimestre deste ano.
Seis grandes fusões com valores superiores a US$ 20 bilhões, a maioria no setor de telecomunicações, duplicaram o
volume do segmento de megatransações no primeiro trimestre. Os bancos atribuem a alta a
uma demanda reprimida de
parte de empresas que cobiçavam determinados ativos havia
anos, mas vinham enfrentando
competição excessiva de parte
do setor de capital privado.
Surpresa
"Estamos muito, muito solicitados no momento. Há sinais
de uma reversão", disse Jimmy
Elliott, comandante das operações mundiais de fusões e aquisições do JPMorgan, que se
surpreendeu por não ter visto
esse movimento mais cedo.
Duas grandes cisões -a Philip Morris e a Time Warner optaram por estabelecer subsidiárias como empresas independentes, em lugar de ampliar
suas dimensões por meio de
aquisições- elevaram a US$
157,9 bilhões o volume de capital envolvido em cisões no primeiro semestre, um recorde.
O valor de transações envolvendo empresas européias como alvo caiu 40% no primeiro
semestre, para US$ 640 bilhões, o mais significativo declínio regional. O volume de
transações nos Estados Unidos
recuou 30%, para US$ 694,4 bilhões. Já as atividades envolvendo empresas na região
Ásia/Pacífico, excetuado o Japão, contrariaram a tendência
e chegaram ao recorde de US$
311,1 bilhões. Na região, o destaque ficou para a oferta de US$
32 bilhões da China Unicom
pela China Netcom, que elevou
o movimento na China a um recorde de US$ 114,8 bilhões.
O banco de investimentos
Goldman Sachs liderou o ranking das instituições assessoras
no mercado de fusões e aquisições, seguido por JPMorgan,
Citigroup e Deutsche Bank.
O volume de receita gerada
por fusões e aquisições para os
bancos de investimento caiu
27% no primeiro semestre, o
que coloca em destaque a extensão da crise que vem prejudicando os negócios no setor.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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