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Aprovação no Congresso dos EUA seria difícil
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Mesmo que o acordo da
Rodada Doha tivesse sido
aprovado, as concessões oferecidas pelos EUA encontrariam enormes dificuldades
para serem validadas pelo
Congresso americano, como
exige a lei. Afinal, seria um
acordo proposto por um presidente virtualmente sem
poder, para um Legislativo
controlado pela oposição democrata, em ano de eleição.
George W. Bush entrega
seu cargo em janeiro. Dentro
de 97 dias, o país elege novo
presidente. Em menos de um
mês, faz convenções que
consagrarão os nomes dos
dois concorrentes, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain. Até
a primeira semana de outubro, o Congresso entra em
recesso pré-eleições.
Seria pouco provável que
um acordo tão complicado
fosse sequer levado a votação
antes disso. Mesmo se fosse,
era pouco provável que passasse. O republicano Bush
não conseguiu aprovar um
tratado muito mais simples e
apoiado pela maioria das lideranças, como o de livre-comércio com a Colômbia, parado desde abril de 2007.
Não conseguiu também
renovar sua autoridade especial para aprovar tratados,
vencida há um ano. A falta de
autoridade da delegação dos
EUA foi reforçada por carta
enviada na semana passada a
Bush pelos senadores Russ
Feingold e Robert Byrd.
No texto, os dois democratas perguntam a Bush o que
Susan Schwab e seus colegas
estariam oferecendo em nome dos EUA, uma vez que o
poder de aprovar acordos comerciais era exclusividade
do Congresso garantida pela
Constituição. Esse entendimento levou o negociador indiano a chamar Schwab ontem, segundo a "Associated
Press", de "impostora".
Mesmo que Doha saísse e
ficasse para ser aprovada pelo Congresso em 2009, ainda
assim a aprovação não seria
tranqüila. Pelas pesquisas de
opinião de hoje, os democratas devem aumentar sua
maioria atual no Congresso
-alguns analistas avistam
até uma maioria no Congresso "à prova de veto presidencial".
Embora não tenha se manifestado claramente sobre
Doha, Obama já disse que,
eleito, revisará todos os acordos comerciais de Bush. "O
senador crê que precisamos
mudar o nosso foco dos acordos dos anos Bush para um
foco verdadeiro em trabalhadores, empregos, agricultores e em elevarmos esses padrões nos outros países", disse Jason Furman, seu principal assessor econômico.
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