|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Santander abre a safra de balanços com lucro menor
Resultado da tesouraria recua após piora do mercado
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Santander abriu ontem a
temporada de resultados dos
bancos no primeiro semestre,
com queda de 17% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2007, por conta da redução na receita de tesouraria,
que envolve as operações no
mercado financeiro, após o aumento nos juros e a piora no desempenho dos mercados.
De janeiro a junho, o banco
obteve ganho líquido de R$ 830
milhões, sendo que as receitas
com operações de mercado recuaram 34% -de R$ 3,127 bilhões no primeiro semestre do
ano passado para R$ 2,065 bilhões de janeiro a junho.
O banco teria apostado em
papéis prefixados e corrigidos
pela inflação, que perderam valor após o aumento da Selic e a
disparada dos índices de preços. Só com a marcação a mercado de títulos prefixados o
banco reconheceu perdas de
R$ 112,9 milhões.
"O resultado caiu pelos menores ganhos com operações
com o mercado, que segue tendo bom desempenho, mas não
tão bom quanto em 2007", disse o banco, por sua assessoria.
O resultado do Santander no
país exclui o enviado pelo banco Real, comprado em 2007, e
que contribuiu com 477 milhões no resultado global do
grupo. No mundo, o banco teve
aumento de 22% nos ganhos,
que somaram 4,73 bilhões,
resultado que contrasta com o
dos grandes bancos estrangeiros, que reportam perdas com
papéis "subprime" (segunda linha) das hipotecas nos EUA.
Segundo o banco, no final de
junho o grupo atingiu valor de
mercado de 73 bilhões, o
maior da zona do euro e o sexto
maior do mundo.
O Brasil segue como um dos
mercados mais importantes do
Santander. O país contribuiu
com 11% do resultado global e
com 35% do apurado na América Latina. A expansão do crédito brasileiro para pessoas físicas segue como o principal fator de aumento dos ganhos do
banco, que prevê leve desaceleração nos financiamentos ao
longo do ano. O banco, porém,
mantém suas apostas no crédito para as empresas, que deverá se manter.
A carteira total de crédito do
banco somou R$ 46,5 bilhões
no país -17% maior do que no
final de junho do ano passado.
O resultado com clientes cresceu 21%, passando de R$ 1,4 bilhão para R$ 1,7 bilhão do primeiro semestre de 2007 para o
deste ano. A receita com serviços, que inclui as tarifas bancárias, subiu 5,3% em 12 meses e
atingiu R$ 1,72 bilhão.
"Apesar de quase um ano de
turbulências financeiras, as
economias latino-americanas
não sofreram impacto significativo nem sobre o crescimento atual do PIB nem sobre suas
expectativas. Por outro lado, o
cenário para a inflação mudou
de forma eloqüente: a taxa se
elevou em dois pontos em seis
meses [de 6% para 8,1% ao
ano]", afirmou o banco, em comunicado na Espanha.
Tendência
Para Flavia Saporito Machado, analista da consultoria Austin Ratings, é cedo para afirmar
se os demais bancos brasileiros
terão queda nos lucros como o
Santander. Isso porque as demais instituições podem ter
apostado em outras operações,
como em títulos pós-fixados, e
aumentado o nível de hedge
[proteção] contratado na
BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros). "Não sei se seria
uma tendência [a queda nos lucros]. Como estão vendo esse
cenário de aumento de juros, os
outros bancos devem ter feito
posições [maiores] em LFTs
[títulos pós-fixados]", disse.
Texto Anterior: Crédito continua em alta mesmo com juros maiores Próximo Texto: Veículos impulsionam leasing no 1º semestre Índice
|