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Petrobras quer mudar regime de exploração, afirma Mercadante
DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse ontem que é
"evidente" que a Petrobras não
quer a continuidade do regime
de concessão para exploração
do pré-sal. Para ele, diante do
programa de investimentos
que a empresa tem para os próximos anos, da ordem de US$
112,4 bilhões, e mais os recursos necessários para explorar
petróleo na camada do pré-sal,
ela ficaria "fragilizada" se tivesse de disputar as novas áreas.
"Temos a obrigação de dar
musculatura financeira para a
empresa enfrentar o desafio do
plano de investimentos e do
pré-sal", disse. Uma das opções
na visão de Mercadante é precificar a área contígua ao que foi
concedido e fazer um aporte de
ativos em ações da Petrobras.
"Não há alternativa para o pré-sal que não passe pelo fortalecimento da Petrobras." Sobre os
eventuais impactos para os
acionistas minoritários, ele
afirmou que não seria interessante para eles terem participação em uma empresa fraca.
Mercadante foi o único entre
os políticos que participaram
do seminário Os Desafios do
Pré-Sal a defender uma mudança no regime de exploração.
Segundo Francisco Dornelles
(PP-RJ), o sistema adotado no
Brasil tem mais transparência
do que o da Noruega. "Não vejo
necessidade de mudança na legislação, no regime de concessão ou de criação de uma nova
estatal", disse. Para Dornelles,
as discussões no Congresso podem contribuir para paralisar
os investimentos e atrasar a exploração dos campos.
Dornelles e Delcídio Amaral
(PT-MS) afirmaram que o país
está adotando um viés errado
na discussão sobre o pré-sal ao
se preocupar mais com o destino das receitas do que com as
condições necessárias para explorar o petróleo. "A discussão
deve começar com a política de
investimento e depois vem o
destino da receita."
Amaral resumiu o clima em
relação ao pré-sal, com pedidos
de várias áreas do governo para
se apropriar de parte dos recursos, dizendo que "virou uma
"Porta da Esperança'", em referência ao programa do SBT.
Mercadante defendeu a criação de uma nova estatal do petróleo, mas disse que ela não
competiria com a Petrobras. Os
demais participantes do evento
foram contrários à proposta.
Mercadante evitou comentar
diretamente o projeto da senadora Ideli Salvati (PT-SC) que
resultaria em mudança na distribuição de royalties e participações especiais, mas afirmou
que é preciso discutir as mudanças sem prejudicar Estados
ou municípios. "A minha proposta é manter a distribuição
como é hoje, sem nenhum prejuízo, mas temos de evitar a hiperconcentração de recursos."
Para Amaral, a tramitação do
projeto de Salvati será difícil e
deverá prejudicar a discussão
principal. O secretário de Desenvolvimento do Rio, Júlio
Bueno, afirmou que os contratos devem ser preservados e
que 50% das receitas do petróleo são apropriadas pelo governo federal.
(RM, JL E CIRILO JÚNIOR)
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