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Até âncoras são importadas,
diz sindicato
DA SUCURSAL DO RIO
A desarticulação da cadeia
de fornecedores da indústria
naval foi de tal ordem no passado que nem âncoras se fabricam mais aqui para atender a demanda dos navios de
grande porte, segundo Franco Papini, vice-presidente do
Sinaval.
A lista de produtos que
deixaram de ser feitos no
país inclui desde luminárias
específicas para navios, armários, fogões e até equipamentos mais sofisticados.
Segundo Papini, os maiores gargalos hoje estão localizados na produção de bombas, toda a parte eletrônica
embarcada dos navios, motores principais, de propulsão. "Qualquer empresa que
vier a se instalar no Brasil deve visar não só a demanda
nacional, como também a capacidade de exportar. O país
pode se tornar um pólo de
venda para o exterior. O mercado está muito aquecido",
afirmou. Ele avalia que a vinda de empresas estrangeiras
não prejudicará os fornecedores nacionais.
Para Felipe Rizzo, presidente da Doris Engineering,
o país poderia se diferenciar
na fabricação de peças para
barcos de apoio. Segundo ele,
caso o governo defina um
percentual de conteúdo nacional também para projetos
relacionados ao pré-sal, a indústria poderá finalmente
deslanchar no país. "Isso forçaria os grandes fornecedores internacionais a firmar
parcerias no país", disse.
Em alguns casos, as empresas precisam simplesmente reativar a produção
de equipamentos especiais.
"No caso de cabos elétricos,
por exemplo, há produtos
para a construção civil e para
a indústria de petróleo, mas
não para a indústria naval",
afirma Rizzo.
Outro exemplo é o mobiliário dos navios, que hoje é
feito a partir de adaptações
dos produtos destinados a
barcos de passeio. "Hoje, até
o fogão do navio é importado. Ele precisa ter um controle de incêndio especial e
deixou de ser fabricado no
Brasil", segundo Rizzo.
Cálculos do Sinaval indicam que para construir 214
navios até 2014 os gastos
com equipamentos somam
US$ 5 bilhões. A maior parcela dos custos fica com máquinas, como motor principal, hélices, motores auxiliares, guindastes, aquecedores,
entre outros, com o total de
US$ 2,245 bilhões.
(JL)
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