São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2008

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Até âncoras são importadas, diz sindicato

DA SUCURSAL DO RIO

A desarticulação da cadeia de fornecedores da indústria naval foi de tal ordem no passado que nem âncoras se fabricam mais aqui para atender a demanda dos navios de grande porte, segundo Franco Papini, vice-presidente do Sinaval.
A lista de produtos que deixaram de ser feitos no país inclui desde luminárias específicas para navios, armários, fogões e até equipamentos mais sofisticados.
Segundo Papini, os maiores gargalos hoje estão localizados na produção de bombas, toda a parte eletrônica embarcada dos navios, motores principais, de propulsão. "Qualquer empresa que vier a se instalar no Brasil deve visar não só a demanda nacional, como também a capacidade de exportar. O país pode se tornar um pólo de venda para o exterior. O mercado está muito aquecido", afirmou. Ele avalia que a vinda de empresas estrangeiras não prejudicará os fornecedores nacionais.
Para Felipe Rizzo, presidente da Doris Engineering, o país poderia se diferenciar na fabricação de peças para barcos de apoio. Segundo ele, caso o governo defina um percentual de conteúdo nacional também para projetos relacionados ao pré-sal, a indústria poderá finalmente deslanchar no país. "Isso forçaria os grandes fornecedores internacionais a firmar parcerias no país", disse.
Em alguns casos, as empresas precisam simplesmente reativar a produção de equipamentos especiais. "No caso de cabos elétricos, por exemplo, há produtos para a construção civil e para a indústria de petróleo, mas não para a indústria naval", afirma Rizzo.
Outro exemplo é o mobiliário dos navios, que hoje é feito a partir de adaptações dos produtos destinados a barcos de passeio. "Hoje, até o fogão do navio é importado. Ele precisa ter um controle de incêndio especial e deixou de ser fabricado no Brasil", segundo Rizzo.
Cálculos do Sinaval indicam que para construir 214 navios até 2014 os gastos com equipamentos somam US$ 5 bilhões. A maior parcela dos custos fica com máquinas, como motor principal, hélices, motores auxiliares, guindastes, aquecedores, entre outros, com o total de US$ 2,245 bilhões. (JL)


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