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Contra recessão, Japão lança pacote de US$ 106 bi
Medidas incluem corte no Imposto de Renda e subsídios a combustíveis
Para estimular a 2ª maior economia mundial, que passa pela maior contração em 7 anos, governo concede empréstimos para empresas
MICHIYO NAKAMOTO
DO "FINANCIAL TIMES"
O governo japonês revelou
ontem uma série de medidas de
emergência para estimular a
economia em crise do país, entre as quais um corte no Imposto de Renda, subsídios aos combustíveis e empréstimos governamentais a empresas, em um
pacote de estímulo de valor estimado em 11,5 trilhões de ienes (US$ 105,7 bilhões).
O pacote foi anunciado quando os dados indicaram que a inflação do país superou os 2%
anuais pela primeira vez em
uma década e se segue a indicadores anunciados anteriormente neste mês, que apontam
que a segunda maior economia
do mundo -superada apenas
pelos EUA- passou no segundo trimestre pela sua maior
contração em sete anos.
Os economistas acreditam
agora que o Japão esteja vivendo um período de estagflação
ou até mesmo de recessão, com
uma queda das exportações e
em meio ao enfraquecimento
da demanda mundial.
Os preços básicos ao consumidor, que excluem os alimentos frescos, subiram em 2,3%
em julho, depois de mostrarem
alta de 1,9% em junho, mas os
preços dos bens comprados ao
menos 15 vezes por ano mostram alta de 3,6%, segundo o
governo.
As medidas de estímulo sublinham as pressões que o primeiro-ministro Yasuo Fukuda
enfrenta com a insatisfação pública pela alta dos preços num
momento em que os salários
estão estagnados.
"É necessário responder rapidamente ao sofrimento e
preocupações do público, e importante implementar as medidas o mais rápido possível", disse Fukuda ontem.
O primeiro-ministro terá de
convocar eleições para a poderosa Câmara Baixa do Legislativo no máximo até setembro do
ano que vem, mas o apoio popular ao Partido Liberal Democrata, que ele lidera, continua
baixo, em cerca de 30%.
Críticas
O pacote de estímulo recebeu amplas críticas por ser menos abrangente que os US$ 100
bilhões em impostos restituídos diretamente aos contribuintes dos EUA pelo governo
do país, alguns meses atrás, como parte de seus esforços para
responder às perspectivas econômicas desfavoráveis.
"Parece-me que o impacto
desse pacote será relativamente pequeno", disse Robert Feldman, economista-chefe do
Morgan Stanley em Tóquio.
A substância do pacote provavelmente não remediará o
problema fundamental da economia japonesa, que é a baixa
produtividade, ele disse.
Muitas das medidas refletem
os esforços do governo para resolver as preocupações das pequenas empresas, que foram as
mais prejudicadas pelos custos
mais elevados da energia e das
matérias-primas, bem como
pelas condições de crédito mais
apertadas.
O governo disse que anunciaria planos para um corte no Imposto de Renda antes do final
do ano.
PIB
O PIB (Produto Interno Bruto) do Japão se contraiu em
0,6% no segundo trimestre
deste ano em relação aos três
meses anteriores. Na taxa
anualizada, o recuo foi de 2,4%.
Esse anúncio acendeu a luz
amarela de que o país caminha
para uma recessão, após seu
maior período de crescimento
desde a Segunda Guerra.
A desaceleração da economia
mundial afetou as exportações
do país, que recuaram 2,3% de
abril a junho, a primeira queda
em três anos e a maior desde
2001, quando também enfrentava uma recessão.
O aumento mundial nos preços dos alimentos e dos combustíveis também interferiu no
gasto dos consumidores -no
caso japonês representa mais
da metade do PIB. Houve queda de 0,5% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado.
O recuo anterior no PIB japonês havia ocorrido no segundo trimestre de 2007pansão.
Os dados do primeiro trimestre também foram revistos e
apontaram crescimento de
0,8% ante os três últimos meses do ano passado.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Colaborou a Redação
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