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"Supertele é o grupo Telmex", afirma a Oi
Empresa critica Embratel, que integra grupo mexicano
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
As críticas da Embratel à
compra da Brasil Telecom pela
Oi provocaram violenta reação
por parte da direção da Oi. Em
entrevista à Folha, o presidente do grupo, Luiz Eduardo Falco, 48, incitou o concorrente a
comprovar que a compra vá
concentrar o mercado de telecomunicações. "Não vamos
comprar a BrT para ter monopólio da telefonia fixa. A telefonia fixa está acabando. Ela é
importante como plataforma
para prestação de outros serviços, estes, sim, em crescimento", declarou.
Segundo Falco, com a aquisição, a Oi será a quarta operadora de telefonia celular de cobertura nacional e terá o segundo backbone [sistema integrado que permite troca de informações entre diferentes tipos e fluxos de dados, como
voz, imagem e texto] nacional
para transmissão de dados. ""Isso é que bate no dedinho da
Embratel. Até agora, ela reinou
absoluta neste mercado."
FOLHA - Em documento entregue
ao Ministério da Fazenda, a Embratel diz que a compra da Oi pela BrT
eliminará um competidor (BrT) e pede medidas do governo para estimular a competição no mercado.
LUIZ EDUARDO FALCO - Suponho
que as mesmas que a Telmex
[controladora da Embratel]
adotou no México, onde detém
92% de todas as linhas fixas e
73% dos celulares. As telecomunicações são um jogo global,
e haverá lugar para alguns países que quiserem disputar o jogo. O Brasil deve decidir se quer
participar ou não.
FOLHA - Estudo recente divulgado
pela Telcomp (entidade que representa a Embratel e outras operadoras) diz que os preços dos serviços de
telecomunicações aumentaram
12,2% no Brasil, nesta década, enquanto houve queda de 31% nos Estados Unidos e de 33,8% na União
Européia. Por que os preços não
caem aqui?
FALCO - A infra-estrutura de
banda larga ainda está sendo
construída no Brasil. Estamos
em fase de investimento e, por
isso, os preços não caíram. Enquanto a infra-estrutura não
estiver pronta, não adianta vir
com o papo de repartir o fruto
dos investimentos. Os pequenos que investem também não
querem repartir.
FOLHA - Nos EUA, existe competição efetiva entre as TVs a cabo e as
companhias telefônicas. Aqui, as teles estão engolindo as TVs a cabo.
FALCO - Não concordo. Nas
praças em que está implantada,
a Net tem mais assinantes de
banda larga [60% do mercado]
do que as teles fixas, segundo a
Anatel. A competição é bravíssima. A Embratel não é uma
empresa de telefonia. É parte
de um grupo mexicano que
atua com várias plataformas
tecnológicas no Brasil: TV a cabo, celular, telefonia fixa sem
fio, rede de dados etc. A rede da
Net é concentrada nas regiões
metropolitanas de alto poder
aquisitivo, enquanto a Oi é
obrigada a atender Piripiri
[Piauí]. A Embratel reclama
que a Oi tem 100% do mercado
em Piripiri. Por que ela não vai
concorrer lá com a gente?
FOLHA - Como responde à crítica
de que a Oi terá monopólio da telefonia fixa na maior parte do país?
FALCO - Não vamos comprar a
BrT para ter monopólio da telefonia fixa. A telefonia fixa está
acabando. Ela é importante como plataforma para prestação
de outros serviços, estes, sim,
em crescimento. A compra da
BrT dará à Oi um "backbone"
nacional para transmissão de
dados e isso é que bate no dedinho da Embratel. Até agora, ela
reinou nesse mercado. Será o
segundo "backbone" nacional.
FOLHA - A negociação também é
criticada por envolver recursos públicos (empréstimos do Banco do
Brasil e do BNDES) e porque a legislação será alterada para viabilizar
um negócio privado. Tais críticas podem inviabilizar a operação?
FALCO - Não vejo essa ameaça.
A BrT será comprada pela Oi
sem um centavo de dinheiro
público. O Banco do Brasil é um
banco comercial. Dizer que é
dinheiro público por ser um
banco de controle estatal é forçar a barra. Os bancos Itaú,
Santander, Bradesco e Real
também participarão do financiamento, porque são bancos
grandes e o negócio envolve bilhões. Por que não usaríamos o
Banco do Brasil? Ele não tem
lepra. Não teremos moleza no
BNDES. Ele atuará como banco
e como empresa de participações. Venderá parte de suas
ações na Oi nas mesmas condições dos demais controladores
que estão saindo do negócio. O
tiroteio não tem sentido.
FOLHA - A prisão de Daniel Dantas
(acionista da BrT e da Oi) e as investigações da Polícia Federal na operação Satiagraha podem complicar o
negócio?
FALCO - Os contratos já foram
assinados. Acho que a investigação da PF não ameaça em nada o negócio.
FOLHA - A Embratel diz que a Oi ficaria presente em 97% do território.
FALCO - Esse é um número fake
[falso], um mito. A nova Oi terá
30% dos acessos do Brasil, somando-se telefonia fixa, móvel,
banda larga. Supertele é o grupo Telmex.
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