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GUIA DOS CONCURSOS
Rendimento inicial alto e seleção democrática seduzem candidatos de 20 e de 40 anos; teto salarial é baixo
Estado é atraente no início e no fim da vida profissional
RAFAEL ALVES PEREIRA
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os empregos públicos se tornaram especialmente atraentes para
profissionais que se enquadram
em dois extremos opostos -de
um lado, recém-formados são seduzidos por salários iniciais muito mais altos do que os que encontrariam no mercado privado; do
outro, quem já passa dos 40 anos
acha nos concursos oportunidades inexistentes nas empresas.
Apesar de os servidores federais
ganharem em média 16% mais do
que seus colegas do setor privado,
a carreira pública não é indicada
para quem é inquieto e ambicioso: a ascensão é lenta, e o teto salarial, menor. Na AGU (Advocacia
Geral da União), por exemplo,
que paga salário inicial de R$
4.406, o profissional chega ao fim
da carreira ganhando R$ 7.600.
Um advogado bem-sucedido pode ganhar o dobro disso.
Outro exemplo: os cargos de delegado e de perito da Polícia Federal têm piso de R$ 7.965,97 e teto
de R$ 9.434,44. Embora sem paralelo na iniciativa privada, o que se
nota é uma grande proximidade
entre os valores inicial e final.
Além disso, as chances de crescimento no setor privado são
maiores: não há limite de renda
para os mais competentes.
A estabilidade no emprego, por
outro lado, é hoje artigo em extinção entre os registrados pela CLT.
Na carreira pública, ainda é uma
realidade. Quem prefere segurança a grandes salários, portanto, é
bom candidato a servidor público. Mas há mais uma série de diferenças a avaliar.
Os dois lados
O casal Rosana e Carlos da Costa, ambos engenheiros civis de
Campo Grande (MT), largaram
tudo para ir a Brasília. "A iniciativa privada já não paga tão bem.
Meu trabalho hoje [analista de
controle externo do Tribunal de
Contas da União] é mais bem pago, estável, e tenho todos os benefícios trabalhistas garantidos pela
lei", pondera Carlos, 41.
Rosana, 41, que trabalhava como oficial de Justiça, pediu exoneração. "Fiquei dois anos só estudando, até que passei na prova
para analista de planejamento."
A professora Eniraci Michele
Fabre, 50, prestou seu primeiro
concurso público em 1973 e até
hoje trabalha para o município.
Paralelamente, ela atuou em escolas particulares por 25 anos até se
aposentar. Mas continua na ativa
trabalhando para o município.
Ela diz que, em sua área, a política salarial no setor público é mais
"justa". "As boas escolas privadas
pagam mais que as públicas. Mas,
nas municipais, há plano de carreira e o salário não estaciona."
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