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DILEMA
Dedicação integral a cursos vitamina currículo, mas psicólogos e médicos alertam sobre riscos
Anular o descanso é improdutivo
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Férias. Malas prontas e passagem aérea nas mãos. Para muitos,
esse não é o momento em que
começa a vida boa, mas sim muito trabalho duro para se aperfeiçoar profissionalmente em cursos
de tempo integral no exterior.
No final, há quem se pergunte se
vale mesmo a pena usar o tão esperado período de descanso para
atividades acadêmicas. Mesmo
sendo obrigação inevitável para
muitos profissionais, psicólogos e
médicos do trabalho alertam para
os riscos de se ocupar demais.
Segundo a doutora em psicologia Ana Maria Rossi, 53, presidente da Isma (International Stress
Management Association), a consequência de anular férias é a diminuição da qualidade do serviço
ao longo da carreira. É aconselhável aliar o estudo ao turismo.
"A solução mais sensata seria
dividir o dia em três partes: uma
para aulas, outra para passear
e conhecer a cultura local e a última para descanso", orienta.
Na opinião de Josemery Mendes Vasconcelos, 40, vice-presidente da Associação Nacional de
Medicina do Trabalho, o saldo é
negativo numa viagem desse tipo.
"As perdas são maiores do que
os ganhos. Há o estresse físico, a
carga de responsabilidade. Mesmo que a pessoa se divirta também, vai pensar nas metas."
Impacto na família
A psicóloga Rosely Sayão, 52,
diz que as férias são um momento
para variar. "Num curso da mesma área, a pessoa segue pensando
as mesmas coisas, não descansa."
Outro ponto negativo, diz, é o
afastamento da família. Como as
empresas também ganham com o
empenho dos funcionários, Sayão
defende que elas descontem apenas metade do tempo de férias.
De acordo com a psicóloga
Márcia Caron, 36, a cobrança da
família pode transformar-se em
um peso na viagem e atrapalhar
o rendimento no curso. "Os fi-
lhos esperam um momento
maior com os pais", afirma.
A maneira de tentar contornar
isso, segundo Vera Rita Ferreira,
47, mestre em psicologia social e
do trabalho pela USP, é manter
contato intenso com a família durante a viagem. É importante
também explicar para os filhos
menores a razão da ausência. Ela
desaconselha períodos maiores
do que três anos sem férias.
Para Alfredo Spínola, 52, presidente da Belta (Brazilian Educational & Language Travel Association), quem tem nível mais
avançado pode escolher opções
de semi-intensivos e empregar
parte do dia para passear, conversar e aproveitar a vivência no local.
(ANDREA MIRAMONTES E FLÁVIA MARREIRO)
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