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INGLÊS CANADENSE
Cargas horárias elevadas deixam o aluno com pouco tempo para aprender o idioma da rua
"Abnegados" ficam com a língua de fora
PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
ENVIADA ESPECIAL AO CANADÁ
"Nossa, o que eu fiz das minhas
férias!" Enfiados na sala de aula de
segunda a sexta-feira, das 9h às
16h, e com dúzias de lições de casa
todos os dias, essa era a queixa,
quase diária, de muitos alunos
matriculados em cursos intensivos (33 horas/semana) na ELS
Language Centers do Canadá.
Então, por que não ir à escola só
de manhã (20 horas/semana) e reservar as tardes para passeios em
museus e parques e os fins de semana para excursões rápidas?
Com a missão de checar se dá certo misturar estudos com lazer familiar, embarquei, em março, levando na bagagem mãe, marido e
uma filha de apenas dois anos.
Era início de primavera, e a
temperatura oscilava entre 0C e
16C. Alugamos um flat de 80 m2
(US$ 1.175 por mês) em North
Vancouver, cidade residencial
que tem um playground em cada
esquina e ficava a 15 minutos da
escola, no centro de Vancouver,
por barco ("seabus").
Como não era marinheira de
primeira viagem, sabia, desde o
primeiro dia, que se treina mais
inglês longe dos livros de gramática. Já no aeroporto, com quase
todas as bagagens extraviadas,
começou o superintensivo de
conversação, que, no mesmo dia,
estendeu-se no check-in com o
dono do apartamento e só terminou no caixa do supermercado.
Geladeira abastecida para pelo
menos 15 dias, o domingo foi reservado para esperar as malas
-que foram entregues, intactas,
logo de manhã- e reconhecer o
terreno: açougue, farmácia, feira,
igreja, padaria, ponto de ônibus.
E já a primeira surpresa: havia, no
mesmo condomínio, uma brasileira estudante da ELS.
Ruas cobertas de neve
Isabel Cobos, 45, programadora
de computadores e aluna do estágio 1, guiou-me pelas ruas cobertas de neve até a sala de Melissa
Nisbet, secretária da escola. Após
algumas instruções (entre elas um
rigoroso controle de horário de
entrada e frequência), lá estava
eu, nas férias, em meio a testes escrito e oral, que me classificaram
para o estágio 8, de um total de 9.
Com a agenda nas mãos, fui direto para a segunda aula do dia (a
primeira, de conversação, com o
divertido professor Andrew
Quinn, 39, eu havia perdido), optativa entre laboratório ou business. Sem pensar duas vezes, entrei na sala de Wendy Watson, 52,
uma bem-humorada jornalista
que sabe bem a receita para banir
bocejos das aulas de negócios.
Na sequência, encarei as aulas
de gramática (chatas, como quase
todas a que já assisti na vida) e me
senti aliviada de não ter optado
pelo período integral. Às 12h50,
deixei a escola e embarquei no
"seabus". Passei pela feira, comprei 500 g de camarão e 500 g de
salmão (US$ 5) e, às 13h30, estava
no ""parquinho de casa" fazendo
guerra de neve com a minha filha.
Depois de frequentar o curso
por 15 dias e entrevistar dez alunos que faziam cursos intensivos
de um a quatro meses, nove confessaram que colocavam na balança, diariamente, o preço de
abrir mão das férias para estudar
inglês. A conclusão parece lógica:
se você já tem uma carreira profissional, não vale a pena só trocar
a sala de aula de Alumni ou Cultura Inglesa por uma no exterior.
Aperfeiçoar o idioma é viver, literalmente, uma nova cultura.
Vancouver, que ocupa o pódio
mundial das cidades com melhor
qualidade de vida, é um ótimo
pretexto para frequentar um curso de idiomas -desde que você
viaje bem acompanhado e com
tempo para conhecer seus cinemas, museus, parques, teatros, estações de esqui. Caso contrário,
nenhum diploma vale a pena.
A jornalista Patrícia Trudes da Veiga,
editora de Suplementos, viajou a convite da SIP
(Student International Programs).
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