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INGLÊS BRITÂNICO
Interagir com moradores locais é tão importante quanto frequentar as aulas
"Fog" ajuda a desembaçar o aprendizado
LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Após cometer o pecado de não
ter entrado em contato com a casa
onde ficaria durante o curso
em Londres, chego com a bagagem de 50 kg (a estada na Europa
seria de dois meses) ao número 35
da Cricklewood Broadway.
Portão de ferro preto -atrás,
uma porta branca e janelas amplas cujas cortinas não permitem
ver o interior- e um prédio que
mais parecia abandonado.
"É mais seguro assim", afirma
Brigitte Myers, uma alemã que foi
aeromoça da British Airways por
30 anos e hoje dirige a London
Lodge (www.londonlodge.com),
alojamento de 15 quartos.
Não menospreze o jantar -é
comum, como fez a Folha, optar
apenas pelo café da manhã para
poder comer onde quiser mais
tarde. Permanecer na casa permitiu praticar o inglês com muito
bate-papo e cantoria (que incluiu
até bossa nova) acompanhados
por violão e piano à luz de velas.
No outro dia, para chegar a tempo à escola, o despertar é às 7h30,
o café, às 8h, e, às 8h30 já é preciso
estar no ponto do outro lado da
rua para pegar um ônibus em direção à estação do "tube" (metrô)
Kilburn (noroeste da cidade).
De lá, não se troca de linha
-é só descer na Green Park. A
International House fica no centro do agito londrino, o número
106 da Piccadilly, em frente ao
Green Park (onde há paz para relaxar, tomar sol e estudar), a 15
minutos a pé de Piccadilly Circus
ou a 20 da Trafalgar Square.
Depois de um teste de 60 questões, é hora da conversação e de
saber em que nível entrei: "advanced" (avançado). Na sala de aula
-de segunda a sexta, das 9h às
12h-, nacionalidades, temperamentos e culturas se misturam.
As aulas nesse nível não prevêem livro, mas muita leitura de
jornais e textos previamente escolhidos pelo professor, além de
exercícios. Uma das lições de casa
incluía escolher um tema marcante de seu país para expor na
classe. Muita incredulidade e indignação quando falo sobre os
"flash kidnap" (sequestros-relâmpago) de São Paulo.
O mesmo ocorre, do lado dos
brasileiros, quando israelenses resolvem contar como, em seu país,
evitam lugares movimentados
com receio de ataques a bomba.
"É uma situação com a qual a gente precisa conviver e pronto", resume Michal Shuster, 17, de Tel
Aviv, que adora estudar no exterior. "Inglês é importantíssimo."
Depois da aula, almoce e corra
para a biblioteca, onde é possível
estudar sozinho pelo menos por
duas horas. Mas vale fazer lição
até no pub. Importante é se soltar
e puxar conversa -desde que
não seja em seu próprio idioma.
"Nosso problema é que, aqui na
Europa, principalmente no verão,
sempre encontro pessoas do meu
país. Fica difícil praticar inglês assim", reclama o italiano Andrea
Basunti, 26, que sempre se deparava com compatriotas pelas ruas.
Fascinante foi poder reunir, no
jantar de despedida, seis nacionalidades: o alemão Denis, a japonesa Isami, o italiano Andrea, o inglês John, a israelense Michal e este brasileiro. Na saída do restaurante, uma bruma tomava conta
da rua, uns 300 metros à frente.
Andrea e eu falávamos da atmosfera londrina, dos pubs, dos
táxis, de Beatles e de Oasis e de
quão típico era aquele "fog". Minutos depois, chegavam os bombeiros para apagar o fogo que vinha da cozinha de um restaurante
da vizinhança.
O jornalista Luís Perez, editor-assistente
de Veículos e de Construção, viajou a
convite do STB (Student Travel Bureau) e
da International House.
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