São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002 |
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SEGUNDA CARREIRA Mais de 20% dos executivos possuem formações paralelas, mostra estudo; ocupação dupla dá maior segurança e chance de realização Dupla profissão exige tempo e versatilidade
TATIANA DINIZ DA REPORTAGEM LOCAL Durante o dia, arquiteto; à noite, chef. Ou publicitário ao longo da semana e tenor lírico nos intervalos do expediente. Apesar de exigir dedicação redobrada, conduzir duas atividades paralelas tem sido uma opção adotada por muitos profissionais no mercado. Ter uma segunda carreira pode significar realização pessoal, ajudar a formar profissionais mais completos, ser uma opção para o caso de desemprego ou ainda render uma complementação financeira, dizem os especialistas. Uma pesquisa concluída em dezembro de 2001 pelo Grupo Catho revela que, de um total de 9.174 executivos ouvidos, 22% possuíam outra ocupação além do emprego principal. Segundo o estudo, o comportamento está presente até entre os que ocupam cargos no topo da pirâmide, sendo verificado em 25% dos presidentes e 29% dos diretores. "O mercado de trabalho está se tornando cada vez mais competitivo e cruel, principalmente para profissionais com mais de 45 anos", observa Thomas Case, 65, fundador do Grupo Catho. "Muitos apostam na segunda carreira como possibilidade de uma segurança extra", completa. Case sugere que exista uma "sinergia mínima" entre as duas profissões escolhidas, a fim de evitar o abandono de um dos projetos. "De qualquer forma é provável que, a longo prazo, uma das opções se sobreponha", afirma. Na opinião da gerente de projetos do Grupo Foco, Luciana Martino, 41, transmitir igual comprometimento com as duas propostas é premissa básica para quem quer abraçar a "dupla carreira". "Se o profissional trabalha numa empresa, precisa ser transparente quanto à existência da segunda atividade, sem, entretanto, negligenciar suas responsabilidades para com o empregador." Conciliação Disponibilidade de horário, interesse real nas duas funções e versatilidade são fatores indispensáveis para trabalhar em duas profissões ao mesmo tempo. Jornalista e ex-presidente do Citibank, Alcides Amaral, 66, passou seis anos atuando nas duas áreas. "Trabalhava 14 horas por dia." Em 2001, ele retomou o jornalismo após se aposentar como executivo do setor bancário. "Quem assume a empreitada deve estar consciente de que será necessário conciliar os caminhos. O ideal é que a segunda carreira possa dar ênfase à primeira", diz Carla Márcia de Sousa, 26, gerente regional de seleção e qualidade da consultoria Adecco Top Service. A especialista enfatiza que a existência de uma segunda carreira pode render benefícios à imagem do profissional. "As empresas apostam mais em candidatos multifuncionais, capazes de fazer várias coisas diferentes", explica. Para o assistente de marketing Renato Andrade, 24, a carreira paralela na área de cinema e vídeo é um diferencial favorável. "Empregadores me vêem como um funcionário criativo e inovador." Entretanto, nem sempre é possível dar igual atenção às duas funções, principalmente no que diz respeito a aperfeiçoamento. "Tive de decidir entre o MBA [Master in Business Administration" em marketing e um curso de direção do Indac [Instituto de Arte e Ciência". Fiquei com a segunda opção", ilustra Andrade. Próximo Texto: Profissionais têm de encarar rotina corrida Índice |
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