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Segundo o Ciee, país conta hoje com 500 mil estagiários
Para críticos, estágio é forma de "explorar" trabalho de estudantes
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Recrutamento de mão-de-obra
barata ou complemento à capacitação técnica? Respostas antagônicas ecoam nas discussões sobre
o papel do estágio, um ambiente
em que as pesquisas escasseiam
e as vagas se multiplicam.
Para dar uma idéia da escalada
desse tipo de ocupação, basta dizer que nas décadas de 70 e 80 o
Ciee (Centro de Integração Empresa Escola) ajudou 326 mil estudantes a conseguir estágio. Na década de 90, esse número saltou
para 692 mil. E a marca deverá ser
superada em breve, pois 649 mil
vagas foram preenchidas do início de 2000 até março deste ano.
O presidente-executivo da entidade, Luiz Gonzaga Bertelli, estima que 500 mil jovens estejam
estagiando hoje no Brasil. O dado
é visto com bons olhos por uns,
mas com preocupação por outros. "O estágio se tornou uma
forma recorrente de precarização
do trabalho. Há empresas que
desenvolvem programas adequados, mas essa forma de contrato
tem servido também para inserir
mão-de-obra barata no mercado", critica Marcelo Campos, do
Ministério do Trabalho.
"Como contratam tantos estagiários com o mercado tão contraído?", questiona o economista
Roberto Macedo, autor do livro
"Seu Diploma, Sua Prancha - Como Escolher a Profissão e Surfar
no Mercado de Trabalho" (ed. Saraiva). "Está havendo substituição: usam estudantes para fazer
trabalho de empregados, sem encargos e sem férias."
"Não adianta eleger o estágio
como vilão do mundo do trabalho", retruca Bertelli, do Ciee. Ele
admite que há abusos, mas os vê
como exceção, não como regra.
"Há empresas que usam estudantes para atividades sem relação
com o curso ou em atividades para as quais não estão preparados.
Quando verificamos que uma
empresa não tem procedimento
ético, não enviamos mais estagiários para ela", afirma.
Ele destaca ainda que, além da
prática pedagógica e do treino para a vida social, a modalidade implica outras vantagens: "Mais de
60% dos jovens que fazem estágio
no Brasil conseguem estudar graças às bolsas-auxílio. Milhares de
jovens brasileiros estão ajudando
pai e mãe na receita familiar. O estágio tira o jovem da droga, do
ócio, da prostituição. É um benefício fantástico."
(JG)
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