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RH
Catho é acusada de "furtar" dados do site da Curriculum; caso traz à tona discussões éticas e legais do mercado de recrutamento
Cópia de currículos expõe guerra entre consultorias
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Quando um candidato cadastra
o currículo em um site de recrutamento on-line, mal sabe a verdadeira guerra que se trava nos bastidores entre as empresas de RH
(recursos humanos) do mercado.
A mais recente envolve a Catho,
tradicional do setor, acusada de
copiar arquivos de profissionais
incluídos no site da concorrente
Curriculum. Ambas têm bancos
de dados na internet com informações de candidatos a empre-
go que podem ser acessadas pe-
las empresas contratantes.
A Catho está sendo processada
por concorrência desleal na 33ª
Vara Cível de São Paulo. A acusação, feita pelo diretor da Curriculum, Marcelo Abrileri, é a de que a
concorrente teria copiado ilegalmente 120 mil currículos do seu
banco de dados, em fevereiro.
Em abril, a Justiça nomeou dois
peritos para examinar os computadores da Catho. O trabalho durou oito meses. No final de novembro, a Justiça recebeu um laudo com 5.000 páginas sobre o assunto, no qual os técnicos apontam irregularidades nos procedimentos da empresa em relação à
concorrência. O conteúdo foi revelado na edição da semana passada da revista "IstoÉ Dinheiro".
Além de confirmar a suspeita da
Curriculum, os peritos teriam
descoberto um software denominado "rouba.phtml", que seria
responsável por invadir sites de
várias empresas da área (como
Apinfo, Gelre e Manager) e copiar
seus currículos e e-mails.
Contra-ataque
O presidente do Grupo Catho,
Thomas Case, confirma a cópia
dos dados feita por seus funcionários, mas afirma que o procedimento não é ilegal (leia texto no
quadro ao lado). Ele acusa a Curriculum de montar uma "manobra ardilosa" contra sua empresa.
"A disputa é antiga. No passado,
a Curriculum registrou em seu
nome os endereços www.katho.
com.br e www.cato.com.br com o
objetivo de direcionar o tráfego
do site da Catho [www.catho.
com.br" para o site da Curiculum", informa nota oficial enviada pela empresa de Case a aproximadamente 900 jornalistas.
O diretor da Curriculum, Marcelo Abrileri, confirma a informação, mas se defende. "Estão tentando tirar o foco da questão. No
passado, era comum registrar vários domínios, e o registro ocorreu dentro da lei", afirma.
Segundo o diretor, um funcionário da Curriculum teria cadastrado esses domínios da internet
há cerca de dois anos, mas sem a
anuência dele. "Quando a direção
da empresa tomou conhecimento
desse fato, entendeu que não seria
ético manter os endereços e os cedeu à Catho." Atualmente os dois
endereços parecidos na internet
conduzem ao site oficial da Catho.
Ética
As duas empresas devem travar
uma longa disputa jurídica -devido à ausência de decisões dos
tribunais sobre casos similares no
Brasil. "É difícil precisar o limite
entre ser agressivo na concorrência e ser antiético. A questão de o
que é informação pública e o que
é privada é muito delicada", afirma o advogado Augusto Marcacini, vice-presidente da comissão
de informática da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).
José Carlos Teixeira Filho, advogado especialista em concorrência, lembra que, se a Curriculum
provar que teve prejuízos com a
medida da Catho, tem direito a indenização. "Se a acusada copiava
e-mails para tomar clientes da outra empresa, isso pode ser caracterizado como aliciamento de clientes, o que é crime previsto pela Lei
de Propriedade Industrial."
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